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Saturday, August 10, 2013

TEXTO QUE MANDEI PARA O INSTITUTO DO CÂNCER EM SÃO PAULO

Instituto de Câncer de São Paulo (Foto by Governo do Estado de São Paulo via flickr)

Símbolo do câncer de mama

A Psicóloga me disse que a quimioterapia mais eficaz, certamente, é o carinho da família, as palavras de conforto dos amigos e a solidariedade de um outro ser humano!! Faz poucos meses que passei por um tratamento de quimioterapia e radioterapia e, sinceramente, foi muito doloroso, com um impacto psicológico muito grande. Parecia que nunca iria terminar, principalmente os efeitos colaterais nas duas primeiras semanas após as sessões. Tive mesmo vontade de desistir, pois não aguentava mais. Estava difícil. No entanto, tinha na minha consciência, que continuar era necessário. 
Sabia que Deus deu para a ciência a sabedoria de inventar esse tratamento para a cura e eu queria viver! Só pensava no dia em que o médico iria me dizer que os meus exames de sangue estavam normais, que o meu tratamento foi um sucesso. Lembro que no último dia da radioterapia, assim que a enfermeira me viu, falou: - hoje é dia de festa para ti, pois é o seu último dia de tratamento!! Lembro que as lágrimas de felicidade, vieram-me aos olhos.
No próximo marco, terei o check up anual. Sei que estou curada e durante os próximos cinco anos, a minha cura será ainda mais confirmada!! Portanto, minhas pessoas lindas que estão enfrentando esse tratamento, por favor, sigam em frente com muita força e fé, porque um dia, vocês terão os mesmos resultados que estou tendo e todo o sofrimento do tratamento será esquecido!!
CONFIEM... CONFIEM NOS PROFESSIONAIS QUE ESTÃO CUIDANDO DE VOCÊS E, PRINCIPALMENTE, NO NOSSO DEUS MISERICORDIOSO.
FORÇA!!! MUITA FORÇA!!
Maria José Rutanen, Autora do livro Trilha da Saudade.
Aqui, deixo para o deleite de todos os que vem lendo o blog, as imagens de algumas das belas flores que recebi durante todo o período do meu tratamento:





Friday, August 9, 2013

MINHA BRIGA COM O CÂNCER

Retornei a Finlândia, fiz duas viagens com Jouko e quando o inverno estava começando, decolei novamente para o Brasil, para passar o Natal e o Ano novo com as minhas irmãs e sobrinhas. Dessa vez, Jouko falou que não ia nem sob decreto!! Não tiro a razão dele.

Já no Brasil, passados poucos dias, estava tranquila em casa tomando o meu banho quando senti algo duro na minha mama direita. Fiquei sem entender o que seria aquilo. Não me preocupei muito, porque fazia um ano que tinha feito a mamografia. No dia seguinte, falei com Jouko e ele aconselhou-me a procurar um médico para descartar qualquer possibilidade de algo errado. Foi-me solicitada uma mamografia e uma ultrasonografia. A mamografia fiz na Clinica Delfim, em Salvador, pois confiava no diagnóstico deles. Apesar de estar fazendo particular tive que esperar bastante, não escondendo que estava nervosa com tudo aquilo.

- Senhora, dizia-me a pessoa que estava fazendo o exame, tenha paciência porque é um mal necessário, estou vendo algo suspeito na sua mama e tenho que fazer várias fotos porque a imagem não está dando-me os resultados finais. As minhas pernas tremiam, o medo tomou conta de mim. Meu Deus, queria que tudo aquilo acabasse logo. Passados alguns minutos, ela voltou e mandou que eu esperasse na recepção, que a médica iria falar comigo. Havia muitas mulheres sentadas e quando cheguei lá nem tinha lugar para sentar, as tonturas me incomodavam, a minha irmã Jacira que me acompanhava, pedia-me calma pois eu estava muito pálida. Tentava ficar normal, mas aqueles quarenta minutos, até a médica chegar e falar comigo, valeu por uma eternidade.

- Senhora, dizia-me a médica: Encontramos um tumor na sua mama e pela experiência que tinha, seria um tumor maligno, dava-me setenta por cento de certeza. Olhei para ela em choque!! sem chão nos meus pés e com uma sensação de desmaio, devido também as tonturas que me acompanhavam, não acreditei naquilo que estava a ouvir e percebi que as mulheres ali sentadas, olhavam-me até mesmo com pena porque, acredito, ouviram a conversa da médica, que não custava nada ter-me chamado na sala dela. Até achei uma falta de ética. Enfim, estava vivendo um pesadelo.





Imagens, acima, do Sítio do Conde hosted on flickr

Em choque, retornei para casa no Sitio do Conde. Parecia que tudo era irreal, eu sempre cuidei da minha saúde, juro que depois de toda a experiência que tenho passado nessa minha trajetória, aquela notícia deu-me um impacto psicológico tão grande que queria acordar e saber que aquilo era apenas um sonho ruim e não estava acontecendo comigo. A minha primeira providência foi comunicar ao meu marido. Esse, com o equilibrio interior que sempre teve, deu-me um pouco de alívio e aconselhou-me a retornar à Finlândia imediatamente. Como retornaria? como enfrentaria um vôo para São Paulo e depois outro de 12 horas para Paris, com aquelas tonturas que aumentaram consideravelmente?

Resolvi então, consultar e mostrar os resultados da mamografia ao médico que foi cunhado da minha irmã e que morava na mesma rua, era quase meu vizinho.

- Maria José, dizia-me: - não se preocupe, isso pode ser um nódulo que não precisa necessariamente ser neoplasia, aconselho-lhe a retornar a Salvador e fazer uma ultrasonogafia. Na verdade, esse médico me deixou mais tranqüila, conseguiu tirar um pouco da minha angústia. Como era um Sábado, esperei até Segunda-Feira e retornei a Salvador. Fiz a ultrasonografia e como um pesadelo, a médica deu-me os resultados, aconselhando-me a retornar a Finlândia imediatamente, no primeiro vôo disponível, quando lhe disse que morava na Finlândia e iria fazer o meu tratamento lá. Voltei para a casa no Sítio do Conde, lutando contra as tonturas, tentava manter-me calma pois precisava tomar esse vôo para a Finlândia. Quis então, conversar novamente com o médico que me deixou calma e claro, mostrar-lhe os resultados da ultrasonografia.

Lutei durante tres dias para conseguir falar com ele. O mesmo não atendia o telefone, nâo atendia a porta, a própria esposa esteve na minha casa e viu meu desespero, prometeu-me que logo mais ele viria a minha casa falar comigo. Ninguém apareceu, parecendo que foi uma coisa proposital. Lembrando que esse médico foi o mesmo que nada fez para salvar a vida de Regina, minha irmã.

Nos dois seguintes, estava tomando o meu vôo de Salvador para São Paulo e de lá para Paris, acompanhada de uma pessoa da empresa aérea e como tinha Classe Executiva, ia deitada. Deus foi tão misericordioso, que dormi durante o vôo e acordei quando estava descendo em Paris, no café da manhã.

Na chegada ao aeroporto de Helsinki, a tristeza e apreensão eram visíveis nos rostos dos meus familiares, que até evitavam de falar no problema, e no dia seguinte, já estava no hospital e o oncologista com os resultados dos exames nas mãos, perguntava-me porque demorei tanto para retornar à Finlândia? Falei-lhe a verdade a respeito das tonturas e também de um médico da familia que me deixou mais tranquila quando me disse que não havia motivo para entrar em pânico.

- Senhora Rutanen, um médico de verdade, não fala isso para uma paciente. Um médico de verdade, conhece literalmente as características de um tumor maligno!! mesmo que ele não tivesse certeza, teria que lhe aconselhar a procurar imediatamente um oncologista.

Ali naquela sala, naquele mesmo momento, foi feita a biópsia. Eu estava com tanto medo que não conseguia relaxar deitada na maca. O médico pediu que eu ficasse tranqüila pois ele teria na agulha anestesia, apesar de ser um procedimento invasivo, nem percebi a hora que ele colheu o material. Quando abri os olhos, já havia terminado. Os resultados chegaram em poucos dias e ai veio a confirmação: Um carcinoma de 2,5cm.

Tentávamos seguir em frente pois fui orientada pela psicóloga do hospital sobre o que me esperava, apesar de ser orientada a fazer tudo que me fosse dito pelos médicos. A mesma deixou-me um pouco tranqüila porque a cirurgia era necessária e tudo seria feito para correr da melhor maneira possivel.

Poucos dias depois, era chegado o dia da cirurgia que, para mim, parecia um pesadelo terrivel. O meu medo era tanto que não consigo expressar-me aqui com palavras. Na noite anterior a cirurgia, mesmo com tranqüilizantes, não conseguia relaxar nem dormir. Às seis da manhã, o médico e a enfermeira vieram conversar comigo sobre o procedimento. 

- Senhora Rutanen, dizia-me o cirurgião: - Fique tranqüila que tudo ficará bem, porém, não posso dar-lhe nenhuma informação se removeremos a sua mama, mesmo o tumor sendo pequeno, não sabemos como estão os tecidos lá dentro. Teremos que colocar um tubo para facilitar a sua respiração durante o procedimento e isso, ao acordar da cirurgia, irá lhe incomodar um pouco, mas passará logo. Enquanto estiver anestesiada, os tecidos retirados da mama irão para o patologista e enquanto não retornar do laboratório, ficarás dormindo. Se tudo for bem, assim esperamos, deixaremos a sua mama.

Meu Deus, aquilo era irreal, não podia estar acontecendo comigo, mas sentia uma força tão grande, que não sabia de onde vinha, e lógico me agarrando na fé que sempre tive em Deus. Já preparada para a cirurgia, via a enfermeira me carregando na maca de onde estávamos até o centro cirúrgico. Do meu lado direito acompanhava-nos uma pessoa vestida de branco e mesmo eu não olhando para o lado, sentia o acompanhamento, no meu entendimento, era um médico. Quando entramos no centro cirúrgico, visualizei 5 médicos e os mesmos se apresentaram: - Senhora, sou o seu cardiologista e outro dizia-me: sou o seu neurologista, e outros diziam-me: O seu fisioterapeuta e anestesista e finalmente o meu cirurgião; - mas onde está o médico que entrou conosco? perguntei-lhes com curiosidade: Senhora, entrastes sozinha com a enfermeira, não havia outro médico. Meu Deus, o que seria aquilo? estava lúcida, não tinha tomado ainda nenhum tranqüilizante e tinha a certeza que vi aquele homem vestido de médico nos acompanhando!!. Nada mais falei porque naquela hora, senti uma paz imensurável, sabia que estava protegida. Dali por diante, comecei a relaxar e não tive mais medo. Quando acordei, depois de mais que três horas, senti-me aliviada, sem nenhuma dor, nem mesmo sentia o incômodo na garganta falado pelo médico, apenas um pouco de mal estar da anestesia e tonturas. Mas dentro da medida do possível estava bem.

Percebi que Jouko estava sentado do meu lado, ao abrir os olhos. Ele tinha o semblante preocupado e mostrava-se apreensivo. - Kulta, estás bem? - perguntou-me ansioso. Disse-lhe que me sentia um pouco tonta e precisava da enfermeira. Enquanto isso, Jouko providenciava também a vinda do médico para a semi UTI que me encontrava.

- Senhora Rutanen: tenho uma excelente notícia!! dizia-me o cirurgião. Não foi necessário retirar a sua mama porque os tecidos ao redor, os gânglios linfáticos na axila, estão saudáveis. Não há metástase, e isso é um motivo muito forte para comemorarmos. Amanhã irás para sua casa e, após quatro dias, terás que retornar ao hospital para fazermos uma ressonância magnética no seu pulmão e também nas mamas. No raio X que fizemos antes da cirurgia, encontramos uma pequena mancha na área do mediastino e para descartarmos qualquer coisa errada, faremos esses exames. Claro que isso me deixou apreensiva!! Foi maravilhoso saber, depois de alguns dias, que tudo estava normal, apenas não passou de um susto. Mais uma vitória. No entanto, precisava falar com o médico qual seria o próximo passo. O médico, com o semblante um pouco triste, dizia-me que apesar de não haver metástase, teria que fazer o tratamento completo. Quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. Pedia-me forças para enfrentar esses tratamentos. O medo do desconhecido deixava-me em pânico, apesar de saber que as reações dependiam muito do organismo de cada um.

A minha recuperação da cirurgia foi excelente. Sentia dores na cicatriz, mas controlava com analgésicos e antiinflamatórios. O médico avisou-me que o tamanho da cicatriz foi maior que o esperado porque queriam certificar-se que os tecidos ao redor estavam saudáveis e também tiraram muito material para exames.

Cheguei no hospital para começar as sessões de quimioterapia. O medo tomava conta de todo o meu ser. Tinha pesquisado em sites de línguas inglêsa, finlândesa e portuguesa, todos davam-me as mesmas informações, os efeitos colaterais eram pesados, mas também dependia muito do organismo de cada um. Estava acompanhada de meu marido, minha filha Adriana e meu neto Yusef. Ao chegar no local da quimioterapia, apesar de estar com muito medo, senti um certo alívio ao perceber que as pessoas ali sentadas naquelas cadeiras, recebendo o tratamento, demonstravam tranqüilidade. As enfermeiras com o sorriso no lábios, recebiam-me com tanta delicadeza e carinho, que aos poucos as batidas do meu coração foram se normalizando. Devido as minhas tonturas crônicas, colocaram-me deitada em um lugar privado, espécie de quarto com cadeiras para os meu familiares.

Quando me colocaram o catéter, sentia que a partir dali, tinha que ser forte, positiva, para enfrentar os efeitos colaterais que eventualmente, pudesse ter. Tudo correu bem. Fui para casa e ainda tive meu jantar sem nenhuma reação. Parecia que tudo ia bem, jantei e algum tempo depois, já sentia sono, acordando por volta das duas da manhã com mal estar insuportável e uma taquicardia que me tirava o fôlego. A minha família levou-me de volta ao hospital e imediatamente, foram feitos os exames. - Senhora, dizia-me a médica: - penso como és diabética, a cortizona que usamos para evitar enjôos, provocados pelos venenos, podem estar dando-lhe esses sintomas. Foi-me, então, receitado um tranqüilizante e aconselhada a voltar para casa.

Voltei a dormir e na manhã seguinte, o que sentia é quase impossível de descrever com palavras. As tonturas se intensificaram, os enjôos incomodavam, mal estar, diarréia. Tentando vencer todos aqueles sintomas, as horas se passavam e já nao conseguia nem olhar a comida. Comer era impossível!! Meu Deus, como iria superar tudo aquilo? e estava apenas no começo. No terceiro dia, as fraquezas incomodavam demasiado, até para respirar. Sabia que tinha que continuar, que teria que superar tudo aquilo, precisava alimentar-me. Era necessário beber, pelo menos, três litros de água por dia. No quarto dia, a minha filha resolveu cortar meu cabelo bem curtinho, porque quando começasse a cair, não sentiria o impacto tão forte!! Meu coração estava aos pedaços de ver a apreensão da minha familia, o empenho que faziam para me ver um pouco aliviada e colocar aquela comida na minha boca.

Após uma semana, semana que pareceu uma eternidade, conseguia comer algo e começava a fortalecer-me. Fazia as sessões a cada três semanas, um dia antes, teria que ir ao laboratório e fazer todos so exames de praxe. Como sempre, as enfermeiras tinham dificuldades de encontrar a minha veia.

Tinha que continuar, continuar era preciso. Na terceira semana sentia-me fortalecida e livre daqueles sintomas dos primeiros dias. Sabia que no dia seguinte começaria tudo de novo, o que não sabia era que teria sintomas diferentes, a cada sessão. Dessa vez, na segunda sessão, a minha boca foi atacada, ficou ferida, que até tomar água, que era absolutamente necessário, era sacrificio. Já estava completamente sem cabelo e via-me pálida com alguns quilos a menos e sentia-me em outro mundo, que não era o meu. Aquela pessoa não era eu, estava vivendo uma vida que parecia irreal.

Um dia antes da quarta sessão, fiz os exames de rotina e, no dia seguinte, o meu médico telefonou dizendo-me que fosse ao hospital, mas naquele dia não faria a quimioterapia, mas era necessário que fosse ao hospital, pois precisava falar comigo. - Senhora Rutanen: não faremos hoje a sessão devido aos resultados dos seus exames. Terás que tomar uma injeção chamada NEULASTA. Essa injeção foi inventada pelos europeus e é utilizada para reduzir a duração da Neutropenia (baixo número de glóbulos brancos ), devido a quimioterapia. Os glóbulos brancos são importantes, uma vez que ajudam o seu corpo a combater as infecções. A injeção NEULASTA deu-me muitos efeitos colaterais, inclusive na regial lombar, como o médico havia previsto. Mas resisti. Na segunda semana, já com os meus exames de sangue normalizados, fiz a minha quinta sessão. Dessa vez, além dos efeitos colateriais que tive nas sessões anteriores, perdi os meu cílios e, às vezes chorava com o mal estar e as lágrimas não caiam na minha face. Mas, resisti. A alegria, timidamente, chegava ao meu coração porque sabia que só faltava uma sessão.

Três semanas depois, chegou finalmente o dia da última sessão. Ao acordar, senti um medo imensurável e algo passou pela minha cabeça, que talvez não fosse fazer aquela última, porque o medo tomava conta de mim. Meu Deus!! Não podia desisti agora que já tinha feito as cinco sessões, apenas uma?, teria que juntar todas as forças e seguir em frente, principalmente com o apoio do meu marido, que por nenhum momento saía de perto de mim. 

Certa noite, durante essas sessões, acordei e percebi que ele estava em um sono profundo, mas segurando, firmemente, a minha camisola. Aquele gesto, mostrou-me o quanto ele estava comigo, o quanto tinha o seu apoio e senti mais forças. Uma dessas vezes, que não queria comer (aquela comida parecia minha inimiga), ele foi ao restaurante que sempre frequentávamos e mandou fazer o mesmo prato que eu sempre pedia e trouxe-me do jeito que eles serviam no restaurante, acompanhado com um bouquet de rosas. Falando em rosas, ele estava sempre renovando no meu quarto, rosas frescas e de cores variadas. Eu teria que lutar por mim, por ele e por todos da minha família que me amavam. Entao, quando me dei conta, as seis sessões de quimioterapia, que me maltrataram muito, estavam no final. Louvado seja Deus!



Depois de três semanas, de ter feito muitos exames, exames de imagens, o oncologista falou-me que tudo estava indo muito bem, tudo dentro do previsto. Comecei a radioterapia, que seria no total 30 sessões. Tudo indo muito bem, quando chegava no hospital, no horário exato, as duas enfermeiras (anjos), já estavam a minha espera na porta do local com a máquina ligada. Essa máquina era para colocar o dedo polegar, para checar as minhas impressões digitais. Vale lembrar que os cuidados com a saúde e o bem estar do paciente, na Finlândia, chega até ser emocionante, nota dez!


No meio das sessões de radioterapia, sentia muito incômodo com as queimaduras embaixo das axilas, extendendo-se para a mama. O oncologista me avisou que isso poderia acontecer, devido as radiações. Sentia a pele soltando como se fosse queimaduras de terceiro grau, era um sufoco para dormir, mesmo sendo medicada e usando o creme recomendado pelo médico. Fui tambem avisada que não poderia de jeito nenhum tomar sol por um período de um ano. 

- Rouva Rutanen, tänään on juhlapäivä; se oli viimeinen hoito!! . (Senhora Rutanen, hoje é um dia de festa; porque é o seu último tratamento) falavam-me as duas enfermeiras, visivelmente emocionadas. Eu tambem, não pude evitar as lágrimas.



Comecei o tratamento da hormonioterapia. Tomava e ainda tomo todas as noites, um remédio chamado Letrozol que evita a aromatase (detenção das células cancerígenas ). Ainda tenho um pouco menos de quatro anos para tomar esse remédio que, às vezes, tenho efeitos colaterais indesejáveis, mas nada que não possa administrar. Sei que os médicos deram a minha cura. Estou bem, mesmo ainda com as tonturas que não deixam de incomodar-me, sigo em frente, sei que venci essa doença, sinto-me forte, tão forte que três meses depois do término da radioterapia, já estava dentro de um avião retornando ao Brasil, para mais uma temporada , ansiosa para abraçar os meus entes queridos, levando na bagagem mais que 50 brinquedos e chocolates, pois tinha a vontade de ter a minha ceia de Natal, com as crianças carentes... 

As palvras não descrevem a alegria que senti naquela varanda da nossa casa, no Sítio do Conde, toda iluminada e decorada para o Natal, com aquelas cinquenta e poucas crianças jantando comigo e recebendo aqueles brinquedos. As palavras também não descrevem a emoção que senti de ver o brilho, a alegria nos olhos daqueles pequenos, de estarem passando a noite de Natal de uma forma diferente. Para mim, foi mais que um presente, foi uma benção que recebi do Meu Deus de estar ali com aquelas crianças, de ter vencido o meu tratamento e de, mais uma vez, pela centésima vez, poder ter saído do Polo Norte, atravessado o Oceano Atlântico e estar alí!!

Apresentação de um grupo de crianças, na noite de natal em minha casa, no Sítio do Conde




No meu retorno à Finlândia, três meses depois, estava na hora do meu check up anual. Os resultados da mamografia acusaram uma mancha na mama operada. Meu Deus, que susto!! teria que submeter-me a uma biópsia!!, mas enfrentei tudo com muita fé, muita força e quando os resultados chegaram, senti o quanto valeu a pena ser fortalecida com a minha fé. Aquela mancha ainda era do hematoma da cirurgia. Caí de Joelhos aos prantos e mais uma vez, agradeci a Deus pela vida.

Queria lembrar que o cirurgião que me operou foi eleito o melhor da Finlândia faz pouco tempo.


Thursday, August 8, 2013

CONTINUANDO COM AS VIAGENS PARA O BRASIL E ENFRENTANDO MAIS PROBLEMAS

Como sempre, ia ao Brasil todos os anos. O meu filho estava trabalhando como Piloto na TAM ( Empresa Aerea Brasileira). Eu e Jouko tínhamos o direito como pais de viajarmos para o Brasil em Classe Executiva, várias vezes ao ano. No início de 2010, precisamente na primeira semana de janeiro, fui novamente ao Brasil e algumas semanas depois da minha chegada, passamos um pesadelo muito grande com a doença de Jocely a minha sobrinha mais velha. Ela já não vinha se sentindo bem e certa noite acordamos com ela com uma dor forte na região do Mediastino e com falta de ar. Chamamos a SAMU, que a levou para um posto de saúde no bairro da Boca do Rio. O estado dela era grave e eu como sempre querendo ajudar, comecei a procurar um hospital de grande porte, pois sabia que ali, não seria o lugar adequado para salvá-la.

No outro dia cedo, fomos a luta, falando com todos que pudessem conhecer alguém para ajudar. No entanto, nada acontecia e ela piorava. Fizeram nesse pequeno posto de saúde do SUS, uma espécie de UTI, onde ela tinha os aparelhos que a ajudavam a respirar. Como a família era grande e a pressão por um lugar melhor tornou-se, literalmente, um pesadelo para enfermeiros e médicos que lá trabalhavam. A minha irmã gêmea, com a saúde debilitada, era também uma preocupação para nós devido ao medo que tinha de perder a filha que tanto adorava. Com os hospitais sempre alegando falta de vagas na UTI, os dias iam se passando.

Esta é minha sobrinha, Jocely.

Certa noite um médico bem jovem chamou-me e disse-me:

-Senhora, o estado da sua sobrinha é muito grave! Ela terá que sair daqui, porque necessita de uma UTI de verdade, principalmente que está em um posto de emergência, onde a toda hora, chegam pessoas passando mal e ela apesar de estar isolada em um espaço pequeno, está vulnerável a adquirir bactérias trazidas de fora. Ela está com uma forte infecção urinária, os rins estão comprometidos e os pulmões também. Continuava a dizer-me: trocarei todas as medicações que ela está usando e esperamos até amanhã cedo. Do lado de fora, uma quantidade de pessoas entre familiares e amigos que vieram até do interior do Estado. Não entrei em desespero porque vi no olhar daquele médico, aparentando menos que trinta anos, um anjo e isso me fortaleceu bastante. Nessa noite, fazia mais que uma semana que ela estava lá lutando pela vida e mesmo com as amizades que tenho em Salvador, dentre outras tentativas de amigos e familiares, não foi possivel conseguir uma vaga em nenhum hospital. Alguns até acharam que essa difculdade de encontrar uma vaga deveu-se ao fato que, no prontuário dela estava escrito, a mesma tinha infecção generalizada.

Na manhã seguinte, quando cheguei ao posto de saúde, o que vi deixou-me com o coração aos pedaços de pena ao ver as pessoas deitadas naqueles bancos sujos e algumas até deitadas no chão, esperando por notícias do médico. Dirigi-me imediatamente ao leito onde estava minha sobrinha e a minha irmã Regina, que tinha ficado a noite junto dela ( só era permitido ficar uma pessoa naquela espaço tão pequeno). Essa irmã, estava sentada cochilando e assim que entrei abriu um sorriso e disse-me: Zeinha (me chamava assim carinhosamente), Jocely pela madrugada acordou e pediu-me um água de côco bem gelada. Providenciei essa água e tirei-lhe o oxigênio, ela tomou todo o copo e voltou a dormir. Olhe e veja que ela esta respirando normal. A dispinéia sumiu. - Meu Deus!, ai estava o milagre que vi no rosto e no olhar daquele anjo (médico), ali estava a explicação para a tranquilidade que tive depois que falei com ele.

Dalí em diante, já respirando sem os aparelhos e usando a nova medicação, minha sobrinha se recuperava para a surpresa dos médicos. Quando voltou à casa depois de uma semana, mesmo sentido-se melhor, uma dor no mediastino a incomodava. Não pensamos nem em procurar um médico do SUS. A minha querida amiga Madalena levou-a para ser consultada com o sobrinho dela que é especializado em pneumologia e o mesmo pediu uma biópsia do mediastino. Os resultados não foram bons e os médicos achavam que ela tinha um Linfoma. Pediram outra biópsia aberta, que custou uma fortuna, mas a mesma não deu os resultados finais, porque os médicos não sabiam o que estava errado, nem mesmo com os resultados nas mãos. Jocely, por conta própria, não queria de jeito nenhum retornar ao médico. Foi se recuperando devagar, mesmo tendo uma tosse que a incomodava, não queria mais ir a médicos e até hoje está tentando viver dentro da medida do possivel. Rejeita a consulta de um médico, além do mais, tem uma doença chamada GOTA que a deixou com algumas deformações nos ossos, aparentes nos dedos dos pés, das mãos e braços. Quando tem as crises sente muitas dores e tem muitas limitações especialmente com movimentos e alimentação. A sua qualidade de vida reduziu-se pela metade.

Nessa época, Jocely e a mãe foram morar na nossa casa no Sitio do Conde, pertinho da praia, pois lá o clima é muito bom, os peixes do mar são saudáveis e, de acordo com o IMETRO, a água do mar de lá tem 0 (zero) por cento de poluição.

Depois de ter ido ao Brasil nesse ano de 2010 por duas vezes, com as tonturas que não me davam tréguas, lutava contra isso e tentava dar o melhor de mim. Voei de volta à Finlândia mas, antes do meu vôo para Londres, fiquei dois dias em São Paulo, com meu filho. No mesmo ano, em setembro, devido a mais uma tragédia na familia, retornei ao Brasil.

Ricardo, em São Paulo

Aproveitando uns dias em São Paulo..

Duas semanas depois do meu retorno a Finlândia, na última semana de junho, estava dormindo, não um sono profundo, mas um sono agitado. Nessa noite tinha deixado o computador ligado e por volta das duas da manhã, ouvi um barulhinho como se fosse uma mensagem chegando. Levantei-me e abri a mensagem que dizia: - Dona Maria José, dizia uma amiga da minha sobrinha Maria Antonia. - Sua irmã Regina acabou de falecer!! Em choque, percebi que meu marido já estava ao meu lado, também lendo a mensagem. Meu Deus!! não podia ser verdade, aquilo não podia ser comigo!! a minha irmã mais nova que tanto amava, saudável, com três filhos adolescentes, o mais novo tinha apenas 13 anos. Uma irmã que praticamente cuidei como minha própria filha, pois quando mamãe faleceu ela veio para minha companhia, aquilo era muito doloroso!! Doia-me os olhos, a cabeça rodava, o coração batia fortemente, não acreditava! Aos prantos com o coração doendo, telefonei para o Brasil ainda na esperança daquilo ser uma brincadeira. Fazia apenas alguns dias que tinha saido do Brasil e deixei-a bem. Infelizmente aquilo era verdade, mais uma tragédia na nossa família. Lembro que no dia do meu retorno á Finlandia, a minha amiga Madalena Góes foi me buscar no Conde para o meu embarque e ela, Regina, que morava em outra cidade, no caminho para Salvador, pedia-me que desviasse um pouco a rota e entrasse na cidade chamada Porto de Sauípe e fóssemos à sua casa para almoçar com ela. Quase me implorou, queria me ver, despedir-se de mim e não tinha condição de ir até o aeroporto. Eu, por minha vez, fiquei com vergonha de pedi para a minha amiga, achando que iria incomodá-la, mas na verdade sei que ela iria com boa vontade. Que tristeza, que dor imensurável!!

Regina era uma guerreira, batalhadora, no início do seu casamento comprei um apartamento para ela morar com o marido dando-lhes todo o apoio, levada pelo amor que sentia por ela, porque o marido não trabalhava, vivia na sombra dela, um verdadeiro zero à esquerda. Ela que lutava para criar os filhos. Depois soube que o cunhado, dizendo-se cardiologista, ciente que ela tinha problemas cardíacos, nunca se mobilizou para ajudá-la, sabendo que ela não tinha plano de saúde e nem recursos para se tratar. Quanta maldade!!.

Regina tinha uma pequena pousada e trabalhava muito para criar os filhos. Nesse dia, estava fazendo o café da manhã dos poucos hóspedes que ali existia quando sentiu-se mal.

O marido ficou na pousada e ela seguiu de táxi para a cidade chamada Camaçari com a filha mais velha. Lá chegando no Hospital do SUS, o médico deu-lhe um remédio e foi-se, só Deus sabe para onde. Ela, minha irmã, a cada minuto que passava ficava pior e tinha dificuldades para respirar. A filha, por três ou quatro vezes, foi procurar o médico para fazer algo pela mãe. Na última vez que foi chamá-lo, ele, com muita má vontade, acompanhou a filha para o lugar em que a mãe estava deitada. Lá chegando, a filha visualizou a mãe quieta e isso animou-a, achando que a mãe tinha se acalmado. No entanto, vinha vindo uma enfermeira em sua direção e com a maior frieza, disse-lhe: por favor, assine esse papel porque é o atestado de óbito da sua mãe! A filha adolescente, em choque, virou-se e deu um murro no rosto do médico que na verdade, negligenciou e não ligou para o estado da paciente. A minha sobrinha entrou em pânico e quebrou com o próprio braço os vidros que separavam o quarto de outros compartimentos. Entendo perfeitamente a reação dela, porque não sabemos a dor que ela estava sentindo e cada um de nós, reagimos de maneiras diferentes. Quanta maldade e frieza desses profissionais, que se dizem a favor da vida!! Um médico de verdade percebe quando uma paciente está enfartada, ou enfartando. O pior é que animais iguais a esses, existem aos montes nos hospitais do Brasil.

Minha saudosa irmâ, Regina...
Fiquei no Brasil alguns meses pois a familia precisava do meu apoio e eu literalmente, precisava do apoio dela também. No Natal e ano Novo, meu marido, Anapaula, Yusef e Adriana foram passar comigo. As minhas filhas e neto retornaram um mês depois e o meu marido ficou ainda um mês fazendo-me companhia, retornando sozinho em início de fevereiro de 2011. Dois dias antes de sua partida para a Finlândia, já tarde da noite, sentia muito calor e não conseguia dormir. Resolveu então ir para varanda por volta das duas da manhã e deitou-se na rede. Não lembra quanto tempo dormiu, sendo acordado com a rede balançando e, assustado, viu um homem de estatura mediana, usando um chapéu de couro, roupas rústicas de quem trabalha em agricultura. Jouko ficou assustado, porque nunca tinha visto nada igual, levantou-se da rede a fim de segurar aquele homem que havia invadido nossa propriedade. Como estava ali se os portões estavam trancados? Em segundos, o homem já estava perto do portão da saída. Jouko, mais que depressa, tentou segurá-lo mais uma vez, mas o homem sumiu. Como isso aconteceu? Jouko tentava entender e coordenar as idéias, um homem como meu marido que viajou o mundo inteiro, sempre destemido, voltou para dentro de casa assustado. Não conseguiu dormi novamente.

No dia seguinte, arrumando a sua mala, sentia que ele estava muito calado e por nenhum momento, mencionou o ocorrido na noite anterior. Fiquei sabendo desse episódio, quando retornei à Finlândia, alguns meses depois. Ele não quis me dizer para me poupar de ficar com medo. A sobrinha dele que é Psicanalista, disse-lhe que talvez fosse um anjo que estava ali para avisá-lo do perigo que corria com a porta aberta aquela hora da noite. Poderia estar suscetível a um assalto. – Tina, dizia ele para a sobrinha, "anjo não assusta", até hoje esse ocorrido é um enigma para nós.

Uma semana depois que ele retornou à Finlandia, achei muito estranho que ele não entrava em contato comigo no skype, como era de costume, há 3 dias. Falei com Adriana e ela disse-me que tudo estava bem, talvez tivesse problema com o computador, não acreditei e ela acabou por me contar o que houve com ele. Estava internado em razão de uma infecção violenta que adquiriu na perna esquerda. A minha filha disse:

- Minha mãe, dois dias depois que ele chegou do Brasil, não conseguia também falar com ele e isso era muito estranho porque nos falávamos todos os dias. Tinha uma intuição que algo estava errado e resolvi, então, ligar para a ambulância e pedir para os paramédicos irem checar na sua casa se havia algo errado com meu pai. Na Finlândia, os médicos são autorizados a abrir a porta em casos como esses, caso a pessoa esteja sozinha e não atenda o telefone nem a porta. Ao abrirem a porta do quarto, ele estava sem forças nem para alcançar o telefone e pedir socorro.

Já no hospital, os médicos, sem entenderem o porquê daquela infecção e daquela febre que não baixava, achavam que ele havia contraído malária, pelo fato de ter estado no Brasil. Finalmente, descobriram que essa infecção foi causada por uma bactéria vinda do lixo que frequentemente ele me ajudava a limpar na frente da nossa casa. A infecção foi tão forte, que lhe davam injeções de antibióticos na barriga. Permaneceu quase uma semana no hospital e quando retornou para casa, falou-me toda história e eu assustei-me com a perda de peso que teve.

Quando estava no Sítio do Conde, todos os dias íamos limpar o lixo que os veranistas, especialmente de Alagoinhas, que sem nenhuma educação e respeito pelos outros, jogavam bem em frente da minha porta e para completar, os corruptos, que administram a cidade de Conde, não faziam a coleta do lixo porque o dinheiro usado para isso teria que sobrar para os bolsos deles. Esse critério, é um câncer, que entra prefeito e sai prefeito e a pouca vergonha continua e o povo ainda aplaude de pé!! Quanto ao meu marido, que nasceu e vive em um país limpo, transparente, não estava acostumado com essa sujeira. Apenas quis ajudar a tirar a sujeira em frente da nossa casa.

Hoje, quando vou ao Brasil, infelizmente sempre encontro a mesma pouca vergonha, mas luto e pago para pessoas manterem a área limpa.

Tuesday, August 6, 2013

MEU AMOR E MEUS LUGARES


Foto by sev0r via flickr

Welcome do Helsinki! (Foto by allyhook via flickr)

Em 2007, a Finlândia, mais uma vez, esteve entre os únicos três países com zero por cento de corrupção, sendo considerado um dos melhores lugares do mundo para se viver, seguido por Dinamarca e Nova Zelândia. Também foi eleito, esse ano, como o país mais verde do mundo. O presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, em visita recente à Finlândia, também ficou impressionado com o poder das mulheres no governo.




Tem uma curiosidade aqui na Finlandia que achei relevante relatar e acabei esquecendo de colocar no livro. Os estudantes quando tiram o segundo grau, devido ao ensino aqui ser muito elevado, é considerado uma honra para os pais. Assim, essa lyyra que tem no chapéu como símbolo da formatura, tambem é usada pelas mães do formando como broche e precisa ser de ouro. Por exemplo: quanto mais filhos ela tiver se formando, maior será o número de lyyras que ela ( mae), usará em eventos como esse. Eu por exemplo, tenho três. Esse gesto, é uma demonstração que a mãe sente-se muito honrada pelo filho. 


Lyyra no chapéu da formatura

Bolo de formatura e convites com símbolos dos chapéus


Agradeço, imensamente, do fundo do meu coração, a esse País (Finlândia), que me acolheu de braços abertos como sua cidadã e deu para os meu filhos, a oportunidade de ter um futuro brilhante.

O Brasil, por sua vez, continua encantando a todos com sua beleza singular. Tem um dos litorais mais belos que conheço. Acho as praias do Norte e Nordeste algumas das mais lindas do planeta, sem falar na cidade do Rio de Janeiro, que sempre é considerada uma das mais bonitas do mundo. No ano de 2007, o Cristo Redentor foi eleito uma das sete maravilhas do mundo. Vale também lembrar que todos os nossos vinte e seis estados e o Distrito Federal têm suas belezas próprias e construções arrojadas que são de fazer inveja aos países mais desenvolvidos. Estamos em primeiro lugar na quantidade de riquezas naturais e somos independentes em petróleo. O Brasil possui pessoas lindas, de boa índole e naturalmente alegres. O maior problema é o desnível social que é muito grande, mas acredito que esse povo mantém ainda a esperança viva de um futuro melhor.



Cristo Redentor - Rio de Janeiro (Foto by Marcelo Funchal via flickr)
O Cristo Redentor é um monumento de Jesus Cristo localizado na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Está localizado no topo do morro do Corcovado, a 709 metros acima do nível do mar. De seus 38 metros, oito estão no pedestal. Foi inaugurado às 19h 15min do dia 12 de outubro de 1931, depois de cerca de cinco anos de obras. Um símbolo do cristianismo, o monumento tornou-se um dos ícones mais reconhecidos internacionalmente do Rio e do Brasil. No dia 7 de julho de 2007, em Lisboa, no Estádio da Luz, foi eleito uma das novas sete maravilhas do mundo. O Guiness World Records, versão atualizada de 2009, considera o Cristo Redentor a maior estátua de cristo (fonte: Marcelo Funchal).
Foto by Nicolas nacovone via flickr)


Quanto a mim e Jouko, enquanto pudermos, continuaremos a pegar um carro e sair dirigindo pelas estradas, explorando e descobrindo lugares belíssimos, não existindo obstáculos para nós, o que sempre me fascinou. Ele, ao volante, com os olhos na estrada, e eu, ao seu lado, com o mapa no colo, apontando caminhos, descobrindo novos horizontes. E assim iremos nós, cúmplices, um ao lado do outro, seguiremos pelas estradas da vida, mas voltando sempre para o aconchego de nosso lar e de nossa família, trazendo nas bagagens lindas experiências e grandes saudades...


E assim, meus amigos, chegamos ao final da narração, em formato de blog, do meu livro "Trilha da Saudade", primeira edição, com revisão atualizada. Quero agradecer, do fundo do meu coração, aos incentivos dos amigos e familiares e ao carinhoso prestígio de todos vocês através da leitura deste blog que alcançou, até esta data, mais de 2.700 visualizações em menos que três meses de criação.

As postagens que virão, a seguir, não foram incluídas no livro, pois obviamente, foram acontecimentos posteriores à publicação do mesmo. Vou falar da minha luta contra o câncer e também, após a minha volta do Brasil (já estou de passagem reservada para este mês de agosto), trarei fotos que ficaram lá, para postar no blog, ilustrando e relembrando lugares onde passei, já falados no livro.


Um grande e carinhoso abraço,

Maria José Rutanem

Monday, August 5, 2013

2008 - NOTÍCIAS RECENTES




Já de volta à Finlândia, depois de uma semana, estava caminhando e, repentinamente, tive uma vontade de ligar para o Brasil e falar com minha irmã gêmea. Ela me disse que estava com uma gripe forte e não se sentia bem. Disse-lhe que, se não melhorasse, fosse ao médico naquela mesma noite. Não consegui pegar no sono e, por volta das 4 horas (22 horas no Brasil), resolvi ligar novamente porque sentia uma angústia inexplicável. Dessa vez, quem atendeu foi Jocely, a filha mais velha de Joselita, dizendo-me que tiveram que retornar ao médico em função da falta de ar que sua mãe estava sentindo e já estavam no hospital (para minha tristeza, um hospital do SUS) em uma maca no corredor. “Meus Deus, de novo não!”, pensei.

O médico que a atendeu havia detectado uma pneumonia. A partir desse momento, começou minha tortura, minha angústia de estar, mais uma vez, longe dela. No dia seguinte, ainda na maca e no corredor, havia informações desencontradas quanto ao seu estado de saúde. Minha irmã estava sentindo muitos enjoos, vômitos, febre alta e mal-estar. Depois de dois dias, finalmente foi transferida para um leito e pôde receber mais atenção por parte dos médicos e enfermeiros. No dia seguinte, pela manhã, uma médica chegou, aos gritos, ao quarto onde ela estava, dizendo:

– Essa paciente está infartada! Está tendo a medicação inadequada.

A partir de então, fizeram os exames e constataram que ela realmente havia sofrido um infarto. Eu ligava minuto a minuto ao Brasil, novamente sentindo um desespero terrível, com um medo enorme de perdê-la. Certo dia, falei com o médico, que me disse:

– Seu estado é muito crítico por sua saúde apresentar outras complicações: além do infarto, sua irmã tem problemas renais, respiratórios e, para completar, tem pedras na vesícula que está infeccionada.

Os dias foram passando, e meu desespero continuava porque, mesmo sem querer, eu pensava no pior. Depois de três semanas, ouvi de minha sobrinha que Litinha estava falando normalmente e dizia que tinha fome, mesmo sendo hidratada com soro. Essa notícia soou como música aos meus ouvidos. Depois começou a alimentar-se e, gradativamente, a melhora tornou-se visível até retornar a sua casa.


Eu e minha irmã gêmea, Joselita, em diversos momentos de nossas vidas....

Meus filhos estão bem. Anapaula, a mais velha, continua estudando para ter um futuro brilhante. Adriana, minha filha do meio, é formada em línguas e continua trabalhando com suas traduções. Meu neto, com oito anos, já domina suas quatro línguas. E Ricardo está trabalhando na aviação e formou-se no curso de piloto. Sua carreira vai de vento em popa e atualmente já está pilotando Airbus 319, 320 e 321 em voos intercontinentais. Sinto-me feliz também por eles terem tido a oportunidade de ter a nacionalidade da União Europeia. Esse é mais um motivo para agradecer e ter a certeza de que Deus existe e está sempre ao meu lado.

Meu irmão, Jorge, faleceu. Depois que o reencontrei no Brasil, ainda ficamos juntos por uns quatro meses. Por muitas vezes, chateei-me com ele por haver recomeçado a beber. Voltei para a Finlândia, e ele permaneceu no Sítio do Conde. Retornou para o Sul do Brasil depois da amputação da perna de Joselita, no início de julho de 2003. No final de 2004, quando retornei ao Brasil, estava extremamente abalada por ver minha irmã sem sua perna, por isso, durante minha estadia, esqueci-me de entrar em contato com ele. Em 2005, outra vez no Brasil, mas envolvida com a primeira publicação de meu livro, também não o procurei. Já na Finlândia, em agosto de 2006, recebi, extremamente emocionada, a notícia de que meu irmão Jorge havia falecido. Que choque! Que tristeza! Não era possível. Meu irmão era um homem saudável, forte, de apenas 56 anos. Essa notícia foi realmente uma grande surpresa. Que dor terrível tomou conta de mim! Ouvi, ainda em choque, a história de que ele tinha chegado a sua casa para almoçar e pedido para sua esposa fazer-lhe um chá, pois sentia uma dor no peito. Eles pensaram que eram gases. Enquanto a esposa virou-se para fazer o chá, ouviu um forte barulho e, em pânico, viu-o já no chão morto. O pior, além da dor de tê-lo perdido, sentia um peso na consciência por não lhe ter telefonado nas duas vezes em que havia estado no Brasil. Ainda não consegui recuperar-me totalmente, tenho muitas saudades dele.

Minha irmã, Joselita, depois de quatro anos de sua amputação, continua brigando para viver, pois as dores em consequência da neuropatia são muito fortes. No entanto, depois de todo esse tempo, resolveu começar a reabilitação de sua perna porque, mesmo sem movimentos e com poucas esperanças dos médicos de que volte a andar, está com muita força e vontade. Depois do recente infarto, está em fase de recuperação e ainda necessita fazer uma cirurgia na vesícula por existir o perigo de ter uma forte crise.

Quanto a mim, estou torcendo para melhorar das tonturas e, mais uma vez, ir ao Brasil para abraçar minha irmã e meus entes queridos, completando, assim, desde que vim morar na Finlândia, cem e quatro travessias do Oceano Atlântico para visitar minha família, o país em que nasci e o Conde, onde ainda possuo uma morada.

Sunday, August 4, 2013

2008 - DESCOBRINDO O LADO POÉTICO E ROMÂNTICO DE LISBOA

Em abril de 2008, minha grande amiga portuguesa, Paula, telefonou-me e convidou-me para passar uns dias com ela em Cascais, Portugal, onde possui uma residência. Depois de 16 anos, retornava àquele país tão fascinante. Paula e seus netos queridos aguardavam-me no aeroporto de Lisboa com um buquê de flores nas mãos. Passei doze gloriosos dias visitando lugares belíssimos sempre na companhia de Paula e de seus familiares. Pude perceber de imediato como esse país, literalmente, havia mudado para melhor. Lisboa é a capital de Portugal e sua maior cidade, com aproximadamente seiscentos mil habitantes, localizada no estuário do Rio Tejo, é uma das mais antigas cidades da Europa – mais do que Roma –, e seu porto é um dos mais importantes desse continente. Depois de seu ingresso na União Européia, Portugal prosperou muito, modernizou rodovias e ferrovias, ampliou as comunicações, restaurou portos e aeroportos e, com isso, atraiu um fluxo muito mais intenso de turistas de negócios para suas terras. Sem contar a gastronomia, a grande variedade de pratos típicos e as centenas de maneiras de preparar o bacalhau.


A Praça do Comércio, Lisboa, Portugal (Foto via galeria-hispanica)

O Monumento aos Descobrimentos (Foto via galeria-hispanica)

Torre de Belem, Lisboa, Portugal

(Foto by Suriaa via flickr)

A Torre de Belém é um dos monumentos mais expressivos da cidade de Lisboa. Localiza-se na margem direita do rio Tejo, na freguesia de Santa Maria de Belém, onde existiu outrora a praia de Belém. Inicialmente cercada pelas águas em todo o seu perímetro, progressivamente foi envolvida pela praia, até se incorporar hoje à terra firme. É um Património Mundial da UNESCO por causa do importante papel que desempenhou nas descobertas marítimas portuguesas da época dos Descobrimentos. A torre foi encomendado pelo rei D. João II para fazer parte de um sistema de defesa, na foz do rio Tejo e uma porta de entrada cerimonial para Lisboa.


O monumento se destaca pelo nacionalismo implícito, visto que é todo rodeado por decorações do Brasão de armas de Portugal, incluindo inscrições de cruzes da Ordem de Cristo nas janelas de baluarte; tais características remetem principalmente à arquitectura típica de uma época em que o país era uma potência global (a do início da Idade Moderna).
Parque das Nações, em Lisboa. Bandeiras de todos os países que participaram na EXPO 98. (Foto by Inácio Alves via flickr)

Lisboa, Portugal (Foto by Alfredo Mota via flickr)
Elevador da Bica

O Elevador da Bica, ou Ascensor da Bica, é um funicular localizado na Rua da Bica de Duarte Belo, na Bica, em Lisboa. É propriedade da Companhia de Carris de Ferro de Lisboa e estabelece a ligação entre o Largo do Calhariz e a Rua de São Paulo, defrontando uma das encostas mais íngremes da cidade.

Com mais de um século de existência, é o ascensor mais típico da cidade de Lisboa e, embora não tenha a mesma afluência do Elevador da Glória, constitui nos dias de hoje uma das principais atrações turísticas da capital portuguesa.
O Mosteiro dos Jerónimos (Foto via galeria-hispanica)


O Mosteiro dos Jerónimos situa-se perto da costa da freguesia de Belém, em Lisboa, Portugal, à entrada do rio Tejo. Os elementos decorativos são repletos de símbolos da arte da navegação e de esculturas de plantas e animais exóticos.O mosteiro é um dos monumentos mais importantes da arquitetura de estilo manuelino (Português gótico tardio) em Lisboa, classificado em 1983 como Património Mundial pela UNESCO, juntamente com a torre vizinha de Belém. É um testemunho monumental da riqueza dos Descobrimentos portugueses.
Outra vista do Mosteiro dos Jerónimos (Foto via retratosdeportugal)

Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa - Portugal


Às margens do rio Tejo - Portugal

Durante minha estadia em Portugal, Paula levou-me a Alfama (velho Distrito de Lisboa) para assistir a um show de fado. Um restaurante pequeno, porém aconchegante, ambiente onde se via a conservação da arquitetura do século XVII e que, no passado, havia sido um convento. Quando a cantora de fados, sem microfone, começou a entoar uma canção belíssima, senti uma emoção tão forte que não pude evitar as lágrimas e, para aumentar minha emoção, ouvi um flautista muito famoso em Portugal, chamado Kamané, a quem a plateia aplaudiu de pé.

Com minha amiga portuguesa,  Paula...

Alfama, velho bairro de Lisboa (Foto by Rafael AMESTI AGUIRRE via flickr)

Foto by Cinzia Robbiano via flickr

Cascais, Portugal (Fotos hosted on flickr)
Para relaxar na praia, um mergulho no resfriamento das águas do Atlântico, uma refeição rica em frutos do mar, ou simplesmente um passeio pelo mar, de Lisboa segue-se para Cascais.
Este antigo destino da aristocracia europeia exilados em meados do século 20 continua a ser uma cidade elegante de grandes mansões, ruas estreitas, de paralelepípedos, e um ambiente mediterrânico no Atlântico. É também uma meca para surfistas e praticantes de windsurf, especialmente a Praia do Guincho, já palco do Campeonato Mundial de Surf.
Mas Cascais não é apenas mar, areia e surf, é também onde se encontra o Museu Paula Rego, apresentando as obras de uma das artistas portuguesas mais reconhecidas mundialmente.
Sesimbra, Portugal
Sesimbra é um município de Portugal, no Distrito de Setúbal, situada no sopé da Serra da Arrábida, uma cadeia de montanhas entre Setúbal e Sesimbra. Devido à sua posição particular na Baía Setúbal, perto da foz do rio Sado e seu porto natural, é uma importante vila de pescadores, com uma área total de 195,0 km2 (75 sq mi) e uma população total de 37.567 habitantes (Fonte: wikipedia).

Sesimbra harbour (foto wikipedia)

Castelo de Sesimbra, Portugal (Foto wikipedia). 



O castelo medieval fica numa posição dominante em um penhasco, sobre uma enseada que constitui um porto natural na península de Setúbal entre os estuários do Tejo e do rio Sado, a poucos quilômetros do Cabo Espichel. Está classificado como monumento nacional.

Vista de Sesimbra, Portugal (Foto wikipedia)

Praia de Sesimbra (Foto by Ana Paula Carlão via flickr)
ALGARVE - PORTUGAL
Falesias do Algarve, Portugal

Falesia, Algarve (Foto by martin rodriguez sanchez via flickr)

Praia da Falesia de Algarve (Foto by Luis Feliciano via flickr)

Paisagem de Algarve (Foto by fontxito via flickr)

Ponta da Piedade, Algarve (Foto by Laura D.C. via flickr)