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Saturday, August 3, 2013

EM CASA, CUIDANDO DE MINHA SAÚDE

De volta ao lar, fui ao médico, o qual solicitou uma tomografia da cabeça cujo resultado foi normal. Encaminhou-me para fisioterapias e acupuntura. Depois de algumas sessões, já me sentindo um pouco melhor, comecei, no início de agosto de 2007, um curso de aperfeiçoamento de meu finlandês e da história do País. No final do ano, minhas filhas, genros e meu neto foram passar as férias de inverno conosco. Bem perto de nossa casa, existe uma estação de esqui, e eles aproveitaram os dias livres para esquiar. No final de fevereiro de 2007, já não aguentava mais as tonturas. Como a cidade em que fazia o curso ficava a 37 km de minha casa, tinha que dirigir 72 km por dia. Àquela altura, meu marido já me levava e buscava, à tarde, do curso. As tonturas eram tão fortes que teria que ficar sentada em frente à professora porque não podia mover muito a cabeça. Fomos novamente ao médico, que me encaminhou para um spa, o qual também funcionava como uma clínica de reabilitação, por duas semanas. Voltei para casa, duas semanas depois, pior que antes. Tentei não ir mais para lugar nenhum e ficar descansando. 


ALGUMAS FOTOS, EM DIFERENTES MOMENTOS EM MINHA RESIDÊNCIA (FINLÂNDIA)





A primavera chegava linda e renovada com todo o seu esplendor. Tentava descansar e, ao mesmo tempo, quando estava melhor das tonturas, cuidava de meu jardim e fazia longas caminhadas. No final de junho, decidimos retornar ao médico. Além dos exames que minha médica sempre pedia, dessa vez, pediu-me para fazer um exame especial; esse demoraria mais de uma semana para ficar pronto. No dia dos resultados, junto com minha filha, Adriana, ouvi da médica, em choque, que o exame de sangue indicava uma alteração na taxa de uma paraproteína e que havia indícios de que talvez estivesse com mieloma múltiplo (câncer de medula óssea). Chocadas, eu e minha filha voltamos para casa para contar a Jouko o que acontecera. Ninguém pensava no talvez, só pensávamos que eu já tinha a doença. Reuni todas as minhas forças, comecei a pesquisar na internet, e o que achávamos não mostrava nada de bom. Nunca havia ouvido falar daquela terrível doença. O que mais me impressionou foram os sintomas que comecei a sentir, todos relacionados ao câncer: cansaço, fadiga, falta de apetite, dores fortes nos ossos e até dores na região torácica, que nunca havia sentido até então. A biópsia que a médica havia pedido estava marcada para a semana seguinte. A cada hora, meu desespero aumentava. Aquilo não podia estar acontecendo comigo. Percebia a aflição nos olhos de minha família. Nesses dias, talvez os mais difíceis de minha vida, percebi quantos amigos tinha, o quanto era querida por eles e por minha família. No dia de ir ao hospital fazer a biópsia, reuni mais uma vez minhas forças e fiz tudo com muita coragem. De volta para casa, um pouco aliviada, lembrava-me das palavras da hematóloga:

– Senhora, não acredito que tenha essa terrível doença. Sua hemoglobina está ótima, os leucócitos estão quase normais, mas vamos esperar pelos resultados da biópsia e dos exames de imagem dos ossos.

Claro que isso me deu um pouco de alívio. Mesmo assim, não via a hora de que tudo aquilo chegasse ao fim. Não desejo essa dúvida para nenhum ser humano. Optamos por receber os resultados pelo correio porque achamos que seria menos estressante. Uma semana depois, com os resultados em mãos, eu e Jouko tentávamos ler o que estava escrito. Jouko, abraçado a mim, obviamente leu mais rápido que eu. Abraçou-me chorando e rindo ao mesmo tempo. Quanta alegria sentimos! Os resultados deram negativos. Minhas filhas, mais que depressa, foram à geladeira e abriram uma garrafa de champanhe. Fui tomada por uma sensação maravilhosa de haver renascido. Aí pensei que deveria haver uma lei que proibisse um médico de colocar essa dúvida na cabeça de um paciente.

Primavera, explosão de cores em todos os lugares, com diferentes espécies de flores....

Alguns dias depois, mesmo com as tonturas, pressão no pescoço e muito zumbido nos ouvidos, dei-me conta de que não mais sentia os sintomas de um mieloma múltiplo. Como nossa mente comanda nosso corpo! Mesmo com essa boa notícia, ainda existia o impasse de não sabermos o porquê de essa paraproteína estar alterada em meu sangue. Refiz os exames, e os valores dessa paraproteína diminuíram. Porém, o controle ainda é rigoroso. Os médicos acham que, na época do primeiro exame, eu deveria estar com alguma infecção. Essas tonturas, pressão no pescoço e zumbidos precisam parar. Tem que haver um tratamento para isso. Comecei a tomar um medicamento novo, receitado por um neurologista.

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