Pages

Wednesday, July 3, 2013

DE VOLTA AO BRASIL

Cheguei à Finlândia na sexta-feira à noite e, na segunda-feira, junto com Adriana e seu namorado, decolei para o Brasil. Eu estava cruzando o Atlântico de novo apenas em três dias. Adriana e o namorado tiveram um vôo diferente do meu na Europa. Eles voaram Helsinki-Paris, e eu, Helsinki-Munique-Paris. Combinamos de nos encontrar no Aeroporto Charles De Gaulle, no portão de embarque da Varig, duas horas antes do vôo. Como estava perto do Natal e havia o casamento de minha sobrinha, encontrava-me terrivelmente cheia de bagagem de mão. Eu andei por muito tempo pelo aeroporto, indo em direção ao portão de embarque e já não estava mais aguentando carregar tanta coisa, pois, naquela época, não havia carrinhos para o deslocamento dos passageiros de um terminal para o outro, quando eu vi, como se fosse uma miragem, Adriana e seu namorado, Mohey. Eles estavam exatamente à minha procura para ajudar-me com a bagagem. Nosso voo de Paris para Salvador foi uma beleza, e descemos em nosso destino ao amanhecer. Minhas irmãs, sobrinhas e alguns amigos, como acontece todos os anos, estavam à nossa espera no aeroporto. Senti uma grande emoção ao rever minha família. Agradeci a Deus mais uma vez.

Começou a correria para os preparativos do casamento. Eu já tinha meu vestido, comprado no Canadá, mas precisava alugar uma roupa para Adriana e minha irmã gêmea. Adriana não gostou de nada que vimos, porém Litinha conseguiu alugar o seu. Começamos uma verdadeira romaria pelas lojas do Shopping Iguatemi, no dia anterior ao casamento e, sem nenhum sucesso, nós tivemos que retornar no dia seguinte para tentar encontrar algo que agradasse Adriana. Em meio à procura, adverti minha filha:

– Adriana! Já são 3 horas da tarde! Lembre-se de que ainda tenho que ir para o salão e fazer outras coisas, e devemos sair para a igreja do Bonfim às sete horas por causa do tráfego.

Iríamos para o casamento da Pituba, do outro lado da cidade. Quando saímos da loja, não imaginava que iria enfrentar um dos piores engarrafamentos de minha vida. Ao chegarmos a nossa casa, eu tinha apenas duas horas para ir ao salão e me arrumar. Adriana teve a ideia de vestir novamente o vestido que havia comprado. Eu não acreditei no que via. A etiqueta magnética continuava presa ao vestido. Decidi, então, retornar à loja junto com Adriana, pois, infelizmente, necessitava da máquina para a remoção da etiqueta. Eu estava muito estressada com o trânsito e com o pouco tempo que me restava para preparar-me. Fiquei com muita raiva por esse erro da funcionária da loja. Fiquei imaginando se, na saída da loja, no ato da compra, o alarme tivesse disparado. A loja iria ter sérios problemas. Não tive nem tempo para reclamar, só queria a retirada imediata da bendita etiqueta e retornar o mais rápido possível para casa. Àquela altura, não tinha mais tempo para ir ao salão e eu mesma arrumei meu cabelo. Quando todos ficaram prontos, já eram 19h30min.
Pronta para sair para o casamento da sobrinha (que no final foi um fiasco!)

Eu havia planejado, com todas as irmãs e sobrinhos, que nos sentaríamos na igreja perto uns dos outros para que, na hora da cerimônia, déssemos as mãos e fizéssemos um minuto de silêncio em homenagem a nossa irmã, pois sabíamos que ela estaria ali muito feliz junto à filha, que estava incrivelmente linda.

Chamamos um táxi grande, onde eu e mais quatro pessoas seguimos para a igreja. Mohey dirigia meu carro, levando Adriana e outras quatro pessoas. Infelizmente tudo deu errado. Quando chegamos à igreja, a cerimônia já havia terminado. Adriana e Mohey perderam-se no caminho. Até minha irmã Detinha, que morou toda a vida em Salvador, não conseguiu acertar o local. Pelo menos chegamos a tempo para os cumprimentos na porta da igreja. Eu estava extremamente desapontada. Para completar meu dia, chegamos ao salão onde acontecia a recepção e não havia uma só cadeira vazia, nem mesmo lugar para ficar em pé. Não tivemos outra opção senão a de ficar de pé, na porta da rua, correndo o risco de sermos assaltados. Não recebemos nenhuma atenção por parte da família paterna da noiva, a qual era a organizadora da festa. Deixei de estar com meu marido no Canadá, desfrutando de sua companhia por mais dois ou três meses, antecipando minha viagem ao Brasil, a fim de participar desse casamento que, na verdade, era muito importante para mim, uma vez que a noiva era a única filha de minha irmã. E aconteceu tudo isso. Até uma foto que tirei com os noivos na porta da igreja, não vi, depois, no álbum de casamento, e nem sei onde está! Fiquei alguns dias chateada, mas felizmente a mágoa passou porque, com a experiência de vida que tenho, não há lugar em meu coração para ressentimentos.

Igreja do Bonfim, Salvador-Bahia (Foto by Sérgio Dantas via flickr)

Adriana e Mohey curtiram bastante as férias na Bahia. Passamos o Natal em Salvador e, no Ano Novo, fomos para o Conde. Lá, passeamos bastante, fomos mostrar a Mohey a Barra do Itariri, Poças e Siribinha, praias belíssimas. Ele também gostou muito do Rio de Pedras, uma fonte de água doce, e de Cachoeira, uma queda d’água, ambos os lugares com restaurantes e barracas. Durante a tarde, Mohey gostava muito de ficar tomando banho de mar mesmo com a maré cheia. Nesse Ano Novo, consegui reunir muitas pessoas da família e amigos.
Natal em nosso apartamento em Salvador
Rio de Pedras, Conde-Bahia

Na segunda semana de janeiro de l998, Adriana e Mohey retornaram à Finlândia. Eu continuei no Brasil, mesmo com saudades de minha casa, de meu marido e de meus filhos. Gostava de passar alguns meses no Brasil porque, apesar de a Finlândia ter dado muitas coisas boas para minha vida, era impossível passar o inverno por lá mesmo com a paisagem diferente, muito bonita, principalmente quando o sol aparecia e brilhava em cima do branco profundo da neve e com toda a infraestrutura que o País oferecia. Tenho de admitir que, nos poucos invernos que passei por lá, as saudades do Brasil e de minha família foram em dobro. Permaneci mais três meses no Brasil.

No comments:

Post a Comment