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Sunday, June 9, 2013

FINLÂNDIA

Bandeira da Finlândia

Localização da Finlândia
Para entendermos melhor o porquê de esse país ser como é, precisamos conhecer um pouco mais de sua história:



FORMAÇÃO ESTADUAL, NACIONAL E A ESTRUTURA SOCIAL DA FINLÂNDIA

Até 1809, a Finlândia era parte do reinado sueco chamado Suécia-Finlândia. O país foi governado pela Suécia por aproximadamente setecentos anos. Assim como em todos os outros Estados norte-europeus, o povo era representado por quatro classes sociais: a nobreza, o clero, a burguesia e os mercadores, chamados de paisanos. Depois da Guerra da Finlândia, em 1809, que estava ligada a outras guerras napoleônicas, a Suécia perdeu territórios do leste da Finlândia para a Rússia. Anteriormente, no século XVIII, os russos ocuparam grande parte da Finlândia por dois períodos distintos, ao longo de dez anos, durante as guerras contra a Rússia, quando a Suécia começou a perder sua posição de superpotência e já não conseguia mais defender a Finlândia todo o tempo. Esses períodos foram cruéis para os civis e ficaram conhecidos pelos finlandeses como “Grande Ódio” e “Pequeno Ódio”.

Já no final do século XIX, surgiu um movimento no país denominado Fennomania, liderado por um homem chamado Snellman, que encorajava as pessoas ao cultivo da leitura. Quase todos os adultos – homens e mulheres – sabiam ler, pois era proibido casar sem o domínio da leitura. Ao mesmo tempo, havia, na Rússia, um movimento nacionalista destinado a unir o Império Russo e destruir todos os Tratados que pudessem dar autonomia à Finlândia. Mesmo com tudo isso, em 1917, nascia a Finlândia como Estado independente, embora já gozasse de independência política e administrativa. Durante a Primeira Guerra Mundial, houve uma revolução socialista na Rússia. O governo finlandês teve que negociar com Lênin sua independência. Acreditando que a Finlândia iria, em breve, voluntariamente, voltar a fazer parte da União Soviética depois de uma revolução de sucesso, os bolsheviks aceitaram que a Finlândia tivesse a independência no dia 31 de dezembro de 1917.

O Parlamento já havia declarado a independência em seis de dezembro de 1917, data na qual ainda hoje é comemorado o Dia da Independência da Finlândia. Essa festa é realizada no castelo onde mora o presidente do país. São convidadas duas mil pessoas, entre diplomatas, artistas, convidados especiais de outros países, atletas, pessoas da imprensa, veteranos de guerra e, principalmente, políticos. A festa é televisionada ao vivo, e o comentário sobre as roupas das mulheres é um prato cheio para os jornais, às vezes, por vários dias.

Depois da independência da Finlândia, as pessoas começaram a brigar pela posse das terras, culminando em uma guerra civil em 1918. Essa guerra afetou os donos de terras, e as mulheres foram obrigadas a participar de trabalhos rurais. Geralmente, as atividades eram divididas entre os sexos: as mulheres cuidavam do gado, e os homens, da colheita e plantações dos campos. Talvez, por isso, fosse natural para as mulheres finlandesas governarem fazendas e indústrias durante a época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A guerra civil durou quatro meses, e, durante esse período, dois grupos foram formados: os Vermelhos e os Brancos. Essa terminou com a vitória dos Brancos. Mais de trinta mil pessoas morreram, e dezoito mil socialistas foram presos. A sociedade finlandesa foi moralmente afetada por essa guerra, pois famílias e comunidades foram divididas pelos dois grupos. Até hoje, esse é um assunto delicado para o povo finlandês.

Na Finlândia, nunca existiu escravidão de nenhum tipo, como, por exemplo, a que havia na Rússia ou na Europa Central, a escravidão de terras – maaorjuus –, em que as pessoas trabalhavam e não tinham nenhum direito sobre o que produziam, recebendo apenas moradia e comida. Na classe trabalhadora, as mulheres eram colocadas para fazer trabalhos pesados, carregando tijolos, construindo casas ou máquinas e desempenhando funções em fábricas de tecido.

A questão de mulheres armadas surgiu novamente nos anos trinta, quando a maioria das democracias da Europa virou ditadura. Somente os países nórdicos, a Inglaterra e a França mantiveram-se democratas. A Associação de Mulheres das Guardas Brancas, conhecida pelo nome de Lotta-Svärd, foi estabelecida para arrecadar doações para o País. A mãe de Jouko fazia parte dessa associação, que, mais tarde, tornou-se um forte e importante fator educacional para jovens mulheres finlandesas. Seus valores básicos eram: pureza, religião e submissão à autoridade. Na Segunda Guerra Mundial, as mulheres do Lotta-Svärd cuidavam da vigilância aérea, da sinalização, da enfermaria, de fazendas e plantações, faziam a colheita dos campos sem a ajuda de cavalos, pois os mesmos tinham sido mandados para as fronteiras. Foi formada também a Liga Social Democrata de Mulheres, em 1939, que organizou uma grande coleta de ouro, na qual esposas doavam suas alianças de casamento com finalidades variadas, como a de comprar armas para enviar para as fronteiras. A indústria, durante a guerra, também era totalmente mantida por mulheres.


Na época da guerra, elas também se preocuparam com as crianças orfãs. Enviaram para a Suécia, mais de 40.000 mil criancas que perderam os seus pais e suas casas. Essas crianças, levavam presos às roupas, os seus nomes e sobrenomes, para futuras identificações. Esse processo, depois da guerra, demorou mais que três anos, para essas crianças retornarem para os seus parentes na Finlândia. A Suécia que não deu praticamente nenhuma ajuda à Finlândia, pelo menos fez essa caridade!!


Mãe de Jouko, ela era membro da Lotta-Svärd


Medalha e broche que pertenceram a Senhora Ida Johanna Rutanen, minha sogra, os quais foram passados para mim, por ser a esposa do filho mais velho. Sou autorizada a usar qualquer um dos dois, em quaisquer cerimônias oficiais.


Conheçam e se emocionem com esse vídeo um tributo para Lotta-Svärd

Em 1939, os finlandeses uniram-se para defender seu país contra o ataque soviético. No fim da guerra, foi muito difícil para as mulheres abandonarem seus postos e voltarem para suas casas, pois, antes e durante esse período, muitas delas trabalhavam fora, por serem obrigadas pelas circunstâncias. Diante de tal fato, elas queriam continuar trabalhando mesmo após a guerra, e, assim, mulheres que desempenhavam funções além daquelas exercidas no lar, tornaram-se comuns na sociedade finlandesa. Essa mudança é chamada de “O espírito da Guerra de Inverno”.

No século XVIII, as mulheres viviam sob a guarda masculina. Em 1864, essa foi abolida para as mulheres solteiras. Então, elas passaram a poder controlar suas propriedades e trabalhar. Os pais eram os únicos guardiões legais dos filhos do casal, e, se o pai morresse, a guarda era transferida para algum membro do sexo masculino da família da mãe. Isso aconteceu até 1929, quando homens e mulheres passaram a ter direitos iguais em tudo. Durante as últimas duas décadas da existência dessas leis matrimoniais, houve uma grande contradição das mesmas com a Lei do Voto Universal, que dava à mulher o direito de decidir sobre os assuntos do Estado. A mulher finlandesa contemporânea é altamente educada, refinada e profissionalmente equiparada aos homens. Um fato positivo em relação à educação feminina é a existência das clínicas de maternidade, essas foram estabelecidas nos anos quarenta para guiar e ajudar mães a cuidarem de seus filhos. Na Finlândia, a mortalidade infantil tem sido por várias décadas, uma das menores do mundo. Já nos anos vinte, mulheres que exerciam cargos políticos exigiam parteiras competentes em todas as cidades e férias maternais para todas aquelas que trabalhassem. Na Finlândia, as crianças são bem cuidadas, tendo acesso gratuito a lazer, clínicas, atendimento médico e escolas onde recebem, entre outras coisas, uma ótima alimentação, tão completa que foi copiada por outros países da União Europeia. Outra grande conquista das mulheres é que existe um sistema semiexclusivo em que todas as gestantes recebem, antes do parto, uma caixa com itens para o bebê: roupas, fraldas, cremes, produtos de higiene infantil, livros educativos, brinquedos, etc. E, ainda, até os filhos completarem dezessete anos, as mães recebem mensalmente um salário por cada filho.

baby box: 


Esse programa remonta à década de 1930. Os finlandeses podem optar pela caixa ou uma bolsa de 140 euros (US $ 200) em dinheiro - mas quase toda mãe de primeira viagem escolhe a caixa, que é visto como o melhor negócio.
Como você pode ver, ele inclui roupas em   tamanhos diferentes, para caber um bebê em crescimento. Há também uma tesoura de unhas do bebê, fraldas, livros do bebê,     brinquedos, sapatos, luvas e um saco de dormir para o bebê.


Nos dias de hoje, o país é governado por uma mulher, eleita em 2000, permanecendo até 2012. O seu Parlamento é composto por duzentos membros, e oitenta desses membros são mulheres, divididas entre deputadas e ministras.


A Finlândia é membro da União Europeia desde 1995 e aderiu ao Euro em 2002. Uma grande parte das mulheres está no poder, e cinco dos catorze membros do Parlamento Europeu são mulheres finlandesas.

VOTO UNIVERSAL

Após cinco anos de opressão sob o reinado do Czar Nikolai II, houve uma greve geral em 1905. Primeiro na Rússia e, depois, na Finlândia. Essa greve foi resultado da Guerra Russo-Japonesa perdida pelos russos. O Czar foi obrigado a abandonar a monarquia absoluta e reconhecer o parlamento, também conhecido como Duma, confirmando as leis do Parlamento em 1906. Isso fez com que a Finlândia fosse o primeiro país na Europa e o segundo no mundo a autorizar mulheres a votarem e a concorrerem a cargos políticos. Vale ressaltar que a Nova Zelândia foi o primeiro país a conceder o direito às mulheres de exercerem a cidadania através do voto. As primeiras eleições foram em 1907, e dezenove mulheres foram eleitas. Uma delas, chamada Miina Sillanpää, foi a Primeira Ministra, servindo ao País como Segunda Ministra Social. Desde então, as mulheres têm ocupado de catorze a setenta lugares dos duzentos assentos no parlamento. No Brasil, esse direito ao voto foi concedido às mulheres em 1932.

INDÚSTRIA E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

A Finlândia, quando não era um país independente e ainda estava sob o domínio da Suécia, vendia para a Rússia armas, maquinaria e submarinos. Havia poucas cidades que tinham a permissão para importação e exportação, e quase todas as mercadorias eram movimentadas via Estocolmo. Esse país era muito eficaz na construção de navios, e algumas cidades da Costa Oeste produziam embarcações para a Marinha Mercantil da Suécia. Até hoje, essas ainda são algumas das maiores indústrias na Finlândia. É impressionante a tecnologia que esse país tem para a fabricação de navios de luxo. Os maiores clientes são os americanos.

Construção de navios - maior indústria finlandesa

O país lidera, também, desde o início dos anos noventa, a tecnologia dos telefones celulares. A Nokia, empresa que nasceu na Finlândia em uma cidade chamada Nokia, está em primeiro lugar no mundo nas inovações dos telefones celulares. Hoje essa é uma multinacional de grande porte. Em segundo lugar está a Motorola Americana. No Brasil, existem mais de vinte empresas finlandesas, destacando a Valmet, elevadores Kone e principalmente a Stora Enso, que está entre as maiores do mundo na fabricação de papel. Essa empresa de celulose empregou milhares de pessoas no extremo sul da Bahia. A companhia Petrolifera finlandesa Neste, inaugurou em Singapura a maior usina de producao de bio combustivel do mundo com o investimento de 550 milhoes de euros. eles desenvolveram sua propria tecnologia de nova geracao chamada NexBTL que permite utilizar como materia prima qualquer tipo de gordura vegetal ou animal.

Nokia headquarters (foto: flickr by mr.hemmo)

ARTE


Os finlandeses também foram abençoados com o nascimento de um gênio da música em 1865. Chamava-se Jean Sibelius. Foi e continua sendo um grande nome da música, tanto na Finlândia como no mundo. Um dos maiores sinfonistas do século XX, compondo sete sinfonias. Um de seus mais famosos poemas sinfônicos chama-se Finlândia. Em 1885, Jean Sibelius começou a estudar Direito em Helsinki e, em l886, música em um conservatório. Em 1890, fez uma viagem para Viena e lá permaneceu por um ano estudando. Compôs Kullervo em l892 e, no mesmo ano, casou-se com uma moça chamada Aino. Em 1894, fez sua primeira viagem à Itália, estava de férias com sua família. Criou a Primeira Sinfonia em 1899. Em l900, fez Finlândia. Em 1902, a Segunda Sinfonia. Em l903, compôs Valse Triste; em 1904, Concerto para Violino e Quarteto Voces Intimae; em 1906, La Hija de Pohjola; e, em 1907, a Terceira Sinfonia. Em 1911, compôs a Quarta Sinfonia. Em 1913, El Bardo; e, em 1915, a Quinta Sinfonia. Em 1921, fez sua última viagem de férias à Inglaterra. Em 1923, compôs a Sexta Sinfonia; em 1924, a Sétima Sinfonia; em 1925, A Tempestad; e, em 1926, Tapiola. Em vinte de setembro de 1957, morre em uma cidade chamada Jårvenpåå. Ele era um homem tímido, reservado e sensível. Sua vida era refinada, elegante, às vezes, serena, às vezes, sombria, sem excessos, ou seja, tranquila e sem muitas turbulências. Teve seis filhas. Esse ícone da música clássica sempre lamentou não ter podido ser violinista. Soube como ninguém expressar a alma do povo finlandês e as paisagens nórdicas que tanto amava. E ainda, com suas sinfonias e seus poemas sinfônicos, equiparou-se aos maiores do mundo europeu. Para os finlandeses, Sibelius era, e ainda é, um objeto de culto, um músico que, em tempos de dominação russa, soube expressar as reivindicações de seu povo. Um homem que contribuiu para que a cultura finlandesa ultrapassasse as fronteiras de seu país.

Sinfonista Finlandês (Foto: flickr by Paivi)

A Finlândia homenageou Sibelius com o Museu Ainola, em Jårvenpåå, que tem o nome de sua esposa Aino. Há ainda uma praça com seu nome, no centro de Helsinki, onde há um monumento em bronze em sua homenagem, rodeado com árvores centenárias e jardins belíssimos, além da Academia de Música que também leva seu nome.

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