Pages

Friday, May 31, 2013

ALGUMAS GRANDES MUDANÇAS

Alagoinhas, Bahia (Foto: Flickr by Fabio Chusyd)
Em uma de minhas viagens de férias, eu estava, domingo à tarde, num parque de diversões na cidade de Alagoinhas, conversando com meu primo Romildo e sua esposa Neuza. Em algum momento dessa conversa, olhei para frente e juro que fiquei em transe ao ver um moço idêntico ao ator americano Charlton Heston, o herói do filme Ben-Hur. Ele não parava de olhar para mim até que se aproximou e pediu permissão ao casal para conversar comigo. Ficamos algumas horas juntos comendo pipocas quando, de repente, ele falou:

– Quer namorar comigo? Já estou apaixonado por você!

É claro que nem preciso dizer que ele foi correspondido de imediato! Um ano depois, pediu-me em casamento. Meus pais aceitaram, pois, àquela altura, ele já havia conquistado a amizade de toda a família. 

Um tempo depois, estávamos reunidos na sala quando chegou um casal, eles se apresentaram como irmão e cunhada de meu noivo, dando a terrível notícia de que Edmo era casado e tinha três filhos. O mundo desabou em minha cabeça porque eu o amava muito. Ele, entretanto, apesar de casado, não vivia com a mulher, estava em trâmite de desquite e também não queria se separar de mim. Naquela época, final da década de 60, ser desquitado era um escândalo. Em função da educação severa que recebi, acabei tudo com ele. Contudo, ele não aceitou e continuou a me seguir no trajeto do meu trabalho, da escola e de todos os lugares aonde eu ia. Acredito que Edmo demorou a recuperar-se. Acho também que eu já não o amava o suficiente para aceitar aquela situação. Só não consegui entender direito porque os pais dele e toda a sua família nunca me disseram nada, até que um de seus irmãos, que vivia em Mata de São João, resolveu dar o tiro de misericórdia em nossa relação, contando-me tudo.

Já sozinha, cursando o segundo grau, decidi continuar os estudos à noite e procurar um trabalho. Um dia, quando trabalhava num posto de saúde como recepcionista, uma colega pediu-me para atender um rapaz que havia chegado com o joelho machucado. Encaminhei-o para a sala de primeiros socorros onde foi atendido. A partir de então, nós não paramos mais de nos encontrarmos. Porém, esse relacionamento começou a preocupar meu pai:

– Filha, eu não acho uma boa ideia você continuar com esse namoro, estou até sabendo que vocês querem se casar. 

– Sim, pai, vamos nos casar dentro de dois meses. 

– Filha, não faça essa loucura! Esse moço é do Sul, e não sabemos nada a seu respeito, sua família, descendência... Só sabemos que ele está há pouco tempo em Salvador e trabalha numa fábrica de carrocerias de ônibus. 

– Eu sei, pai. Mesmo assim, vocês querendo ou não, esse casamento será realizado. 

– Está bem, abençoaremos essa união, mas acredito que em pouco tempo você estará de volta para casa. 

Foto: Flickr by Rachell Kolodsiejski
Foto: Flickr by Mauro Boimel

Três meses depois, foi celebrado nosso casamento com uma grande festa. A decoração foi belíssima, na igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, no Bairro de Nazaré. No mesmo dia, a filha de um deputado baiano também estava se casando, e dividimos as despesas da decoração, da música e de outros itens. Minha irmã e seu marido, Osvaldo, foram os meus padrinhos dentre outras pessoas da família. Depois da festa, tomamos um ônibus-leito para Vitória da Conquista, uma cidade a setecentos quilômetros de Salvador, no sudoeste da Bahia, onde fomos morar. Nessa época, meu marido já havia trocado de emprego, trabalhava como representante de um laboratório.

Foto: Flickr by Jhoon César A.K.A. YoungJ
Foto: Flickr by Gil Novais

Morávamos em um sobrado alugado. O andar de baixo era a escolinha da filha do proprietário do prédio. No andar de cima, fizemos nosso lar. Essa felicidade durou apenas quatro meses, pois meu marido perdeu o emprego, e tivemos de deixar todos os móveis e eletrodomésticos que tínhamos, como pagamento do aluguel, sendo a maioria deles presentes da família. Além disso, eu sofri um aborto natural, e perdi o nosso primeiro filho.







No comments:

Post a Comment