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Sunday, July 21, 2013

ENTRE ALGUNS PROJETOS DE JOUKO, A PERDA DE PEKKA

Todos os sintomas que sentia faziam parte de meu dia-a-dia, causando-me um estresse psicológico muito grande. Mas eu tinha que ser forte e aceitar com dignidade essa realidade. Talvez, um dia, eu encontre um tratamento que acabe com esses sintomas. Eu gostaria muito, não só para meu bem-estar, mas, principalmente, para poder dedicar-me mais a meu marido e às pessoas que amo.

Logo depois da finalização do projeto na Suécia, quando eu pensava em regressar ao Brasil, Jouko comunicou-me:

– Maria, no dia doze de novembro, estaremos voando para o Brasil para uma consultoria na Companhia Paraibuna de Metais, em Juiz de Fora, no Estado de Minas Gerais.

Fiquei contente porque já havia programado minha viagem ao Brasil para o início de dezembro. Além de desfrutar de sua companhia por três semanas, teria seu apoio durante o voo, caso me sentisse mal. Para isso, antecipei minha viagem.

Pegamos o voo de Helsinki para Frankfurt às 7 horas, com destino ao Rio de Janeiro. Chegamos ao Rio por volta das 22 horas. Dormimos em um hotel dentro do aeroporto e, pela manhã, alugamos um carro para seguir viagem para Juiz de Fora. Alugamos um carro da Fiat, o Siena. A funcionária da locadora informou-nos que o carro era novo, executivo, com ar condicionado e direção hidráulica, mas estava com a quilometragem em quarenta e sete mil. Para nós, não era um carro novo. Na Europa, Estados Unidos, Canadá e alguns países da Ásia, não é necessário verificar a condição do carro porque o mesmo sempre faz jus ao preço que se paga e as informações que se recebe são sempre verdadeiras. Alugamos o carro e seguimos viagem.


Pegamos a serra em direção a Petrópolis. Eu estava muito nervosa com as curvas e os despenhadeiros, mesmo a estrada sendo belíssima. Meu marido falou que o carro não estava bom, os amortecedores estavam gastos, e escutávamos um barulho terrível. Minha condição piorou por motivo das tonturas que sentia, principalmente pela descompensação do fuso horário, mudança de temperatura e pelo longo voo que tivemos. Havia saído da Finlândia dois dias antes, com a temperatura negativa, e, no Rio, estava em torno dos 30ºC. Decidimos parar e procurar um telefone público para ligar à locadora de automóveis. Na primeira parada, não havia cartão telefônico para vender. Na segunda, havia cartão, mas o telefone estava quebrado. Na terceira parada, não consegui completar a ligação. Decidimos seguir viagem até Juiz de Fora e, de lá, providenciaríamos a troca do carro. Gastamos o dobro do tempo viajando.

Serra de Petrópolis - RJ - Brasil (Foto via Skyscrapercity)

Petrópolis - RJ (Foto by Helcio Mano via Skyscrapercity)

Hotel Palace Quitandinha, um dos pontos turísticos de Petrópolis-RJ (Foto by Zeca Rodrigues via flickr)

Petrópolis (Foto by Antoine Jasser via Skyscrapercity)

No Hotel Caesar Parque, no centro, fomos acomodados em um apartamento muito confortável, e, de lá, fiz a ligação para a locadora. A funcionária pediu-nos muitas desculpas e, no dia seguinte, mandaram para nosso hotel um carro novo. Era um Fiat Marea muito mais confortável.

Valeu a pena lutar por nossos direitos.

Hotel Caesar Parque - Juiz de Fora - Minas Gerais
Juiz de Fora - entre as montanhas de Minas Gerais - Brasil (Foto by Zeca Frota Vasconcelos via flickr)
Catedral Metropolitana de Juiz de Fora - MG - Brasil (Foto by Zeca Frota Vasconcelos via flickr)

Fiquei impressionada com a alegria e a boa vontade do povo mineiro e, como sempre, nos hotéis em que nos hospedávamos, tive uma relação amistosa com todos os funcionários.

Dentro de poucos dias, estaria em Salvador e, mais uma vez, teria a grande felicidade de rever minha família e, principalmente, poder abraçar minha irmã gêmea.

Chegou o dia de nossa saída de Minas. Antes de Jouko fazer o pagamento do hotel, resolvi saber o valor da conta do telefone. Quase desmaiei ao ver seu valor. Depois de verificar, descobri que o hotel contava desde quando o hóspede começava a usar o telefone, completando ou não a ligação. Após muita discussão, consegui que reduzissem a conta para vinte por cento a menos. Disse ao recepcionista que colocasse na parede de cada quarto dos apartamentos o seguinte aviso: “Senhores hóspedes, se olharem para o telefone, será cobrada uma taxa.” Se todas as pessoas, quando se sentissem lesadas, reclamassem pelas coisas erradas, talvez tivéssemos um país com mais respeito e justiça.

Saímos do hotel pela manhã bem cedinho em direção ao Aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro. A viagem de Minas para o Rio levaria mais de duas horas. Na estrada que dá acesso ao aeroporto, enfrentamos um engarrafamento terrível devido a um assalto.

Jouko não iria a Salvador comigo, pois teria que estar, no dia seguinte pela manhã, em Strasbourg, na França, para um projeto de um mês. Em nossa chegada ao aeroporto, fui imediatamente fazer meu check in enquanto Jouko foi a outro terminal entregar o carro na locadora. Ele não tinha tanta pressa porque seu voo para Paris seria às 15 horas, mas o meu, para Salvador, já estava quase na hora. Combinamos de encontrarmo-nos no portão de meu embarque. Eu sentia uma tontura terrível por causa do estresse da viagem de carro, além da preocupação de não chegar atrasada para o embarque. Estava muito aflita com o atraso de meu marido, que não aparecia no portão de embarque. Pedi à pessoa que ficava controlando a entrada de passageiros que me deixasse esperar um pouco ali e contei-lhe minha aflição. Queria, pelo menos, ver meu marido de longe e saber que ele estava bem. Infelizmente ele não apareceu e tive que embarcar. O jeito seria esperar até o dia seguinte para falar com ele ao telefone, pois, quando eu chegasse a Salvador, ele já estaria embarcando e não teria jeito de nos falarmos. No outro dia, ao telefone, contou-me que, quando chegou ao portão de embarque, eu já havia entrado na aeronave. A moça que controlava a entrada dos passageiros lembrou-se de minha aflição e perguntou a Jouko se ele era estrangeiro e se procurava uma senhora que estava embarcando para Salvador e vestia calça preta e blazer amarelo. Jouko respondeu-lhe que sim. A funcionária disse-lhe que eu estava muito aflita com seu atraso, queria me despedir dele e que chorava muito. Muita delicada essa moça, gostaria de vê-la novamente para lhe agradecer.

Finalmente cheguei a Salvador, o céu estava limpo com o sol forte brilhando. Coincidência ou não, toda vez que desço nesse aeroporto, o sol me dá as boas-vindas. Minha irmã gêmea, Madalena e minha sobrinha estavam à minha espera. Mais uma vez, agradeci a Deus por poder abraçar meus familiares e amigos novamente. Passei uma semana desfrutando da companhia de pessoas de que gosto e curtindo a praia.

Eu e minha irmã gêmea no aeroporto de Salvador

Dois dias depois, tive a felicidade de estar com meu filho Ricardo, que tinha ido com sua namorada passar as festas de fim de ano comigo no Conde. Ricardo morava em São Paulo e fazia cursos de primeiros socorros, pois já trabalhava na aviação. Por conta dos cursos e das cinco línguas que falava fluentemente, tinha começado a trabalhar na Varig.

Tinha voltado para Salvador a fim de reiniciar o tratamento RPG. Dessa vez, consegui uma clínica na Pituba perto de meu apartamento. Um mês depois, durante o tratamento, acordei com uma dor terrível no braço esquerdo. A dor era tão forte que não consegui fazer nenhum tipo de movimento. Lembrei-me de que, nesse mesmo braço, havia sido aplicada uma injeção de cortisona pelo Dr. Stephen Motto, em Londres, mais ou menos dois anos antes. Minha primeira providência foi ligar para a clínica em que estava fazendo RPG e cancelar o tratamento daquele dia. A pessoa que estava fazendo o meu tratamento indicou-me um neurologista que tinha consultório no Hospital Aliança. Em seguida, liguei e marquei uma consulta às 14 horas. Quinze minutos antes da hora marcada, eu cheguei ao consultório acompanhada de minha irmã Gildete. Olhei e percebi que a sala estava lotada e não tinha nenhuma cadeira para sentar-me. Eu continuava a sentir muitas dores e também muita tontura. Perguntei à recepcionista se o médico iria atender-me no horário. Ela me respondeu que provavelmente não porque, além de haver quatro pessoas em minha frente, o médico sequer havia chegado. Não pensei duas vezes quando lhe disse que não poderia esperar, pois sentia muitas dores e seria melhor procurar outro médico. Nessa hora, uma senhora muito simpática levantou-se de sua cadeira, olhou para mim e disse:

– Não só lhe dou minha cadeira como também minha vez.

Para minha alegria, essa senhora seria a primeira a ser atendida. Disse-me também que não desistisse da consulta com aquele médico, pois ele era muito bom. Fiquei extremamente agradecida por sua gentileza, trocamos telefones e prometemos vermo-nos posteriormente. Às 14 horas e 30 minutos, o médico chamou-me e, pacientemente, ouviu toda minha história. Olhou com muita atenção o resultado de meu exame de ressonância magnética e de outros exames. O que mais me impressionou nesse médico foi a tranquilidade e serenidade com a qual viu meu problema. Conversamos mais do que uma hora. Deu-me o diagnóstico de uma doença chamada fibromialgia, que é normal em pessoas com problemas na coluna cervical. Receitou-me um remédio manipulado contendo relaxante muscular, anti-inflamatório e antidepressivo. Continuei por muito tempo com esse tratamento, que, graças ao Dr. Aroldo Baccelar, fez com que me sentisse outra pessoa, com uma melhora de setenta por cento.

Estava longe de meu marido fazia quase cinco meses, tinha meu retorno à Finlândia marcado para o início de maio. Ele continuava com seu projeto em Strasbourg e, depois, iria à Áustria para o desenvolvimento de outro.

Uma semana antes de meu embarque para a Finlândia, recebi a triste notícia da morte de Pekka, irmão de Jouko. Esse seu irmão era muito querido. Foi ele que estava com Jouko no aeroporto, à minha espera, quando cheguei pela primeira vez à Finlândia. Lembro-me de que, no início, ajudava-me muito a aprender inglês. Uma vez, ele estava a trabalho em Londres e ligou só para conversar comigo em inglês e certificar-se de que eu estava mesmo aprendendo a língua. Era engenheiro agrônomo, tinha uma concessionária de carros e tomava conta de nossas terras. Era, ainda, membro do Rotary Club e vivia empenhado em programas para arrecadar fundos a fim de ajudar países carentes. Em uma das campanhas do Rotary, estava muito frio, e ele pegou uma gripe, que se transformou em pneumonia, causando, em seguida, um infarto. Tudo isso em um espaço de setenta e duas horas. Era início de maio. Tinha acabado de completar cinquenta e oito anos. Eu não acreditava no que ouvia. Havia exatamente um ano que meu marido tinha perdido a irmã, e, mais uma vez, eu não estava ao seu lado para confortá-lo.

Depois de uma semana, regressei a Helsinki. Eu já estava sentindo-me melhor das tonturas, pois o remédio ajudava-me.

Como sempre, meu marido encontrava-se no aeroporto à minha espera. Percebi muita tristeza em seu olhar, mas sentia também que fazia tudo para mostrar que estava bem. O funeral de seu irmão estava sendo preparado para o final do mês. Continuei com as caminhadas e o remédio do médico de Salvador. De vez em quando, Adriana e Joe iam passar o final de semana conosco. Joe estava muito grande e tinha sua própria língua, que era uma mistura de português, finlandês, inglês e árabe já que seu pai era árabe.

Chegou o dia do funeral de meu cunhado. Logo pela manhã, o corpo embalsamado foi levado para a igreja onde houve a missa de corpo presente. Fiquei impressionada com a organização na distribuição dos assentos na igreja. No banco da frente, a viúva, o filho de onze anos, os dois irmãos e a irmã. No segundo banco, eu, a esposa do outro irmão e o marido da irmã acompanhados dos filhos. No terceiro banco, os primos, tios e outros parentes. A igreja estava superlotada. Todos tinham em mãos o programa da missa. Na capa do programa, o nome do falecido, a data de nascimento e de morte. A cerimônia durou em torno de duas horas.

Na saída da igreja, percebi que os carros estavam estacionados em uma posição que obedecia à colocação dos familiares na igreja. Na frente do cortejo, o carro da funerária, com o corpo do falecido e a viúva, era seguido por um carro que levava o filho deles. Depois, seguia o carro com Jouko, por ser o irmão mais velho, comigo e com Adriana. Atrás de nosso carro, obedecendo à sequência de idade, ia a outra irmã deles com sua família. Em outro carro, atrás, seguia o outro irmão e sua família. Depois, iam os compadres, comadres e afilhados. Atrás, seguiam os outros parentes e, finalmente, os convidados. Como falei antes, os carros foram estacionados em uma posição que obedecia a essa ordem para não haver tumulto na saída para o cemitério, principalmente por estarem presentes muitos amigos e parentes. No cemitério, houve outra bênção feita pelo padre e também uma homenagem muito bonita por parte do Rotary Club. Ainda no cemitério, fomos surpreendidos com uma chuva de granizo e um vento muito forte que durou cerca de cinco minutos. Ninguém entendeu uma vez que já estávamos na primavera e o dia estava ensolarado. O caixão foi carregado pelos dois irmãos, um compadre e primo, um afilhado e dois amigos.

Às 16 horas, todos se reuniram no Seurakuntatalo, ou seja, Associação da Comunidade Luterana. É um local muito bonito com uma vista magnífica para um lago. O jantar foi servido, e, depois, houve mais homenagens tanto do Rotary Club como também de outras pessoas, amigos e familiares. Pekka era muito querido. Na mesma semana de sua morte, um jornal e uma revista fizeram uma matéria sobre sua vida. Vale lembrar também que tanto os familiares como os convidados vestiam trajes pretos a rigor e, ainda, a bandeira da Finlândia estava hasteada a meio mastro tanto na frente do local da recepção como na frente da casa do falecido.

Funeral de Pekka, meu cunhado.

Jouko contou-me que ele e seu irmão Pekka, certa vez, foram dar um passeio em um avião Cesna que Jouko pilotava. Nessa época, Jouko tinha mais do que cem horas de voo desde que havia tirado sua carteira de piloto. Essa aeronave tinha capacidade para transportar apenas cento e sessenta quilos, e, quando decolaram, Jouko deu-se conta de que ele e o irmão, juntos, pesavam em torno de duzentos quilos. Passaram por uma situação perigosa, mas, depois de muito esforço, Jouko conseguiu controlar a aeronave.

Depois de todo esse momento de dor, Jouko tirou umas bem merecidas férias. Depois delas, viajamos, para ele fazer uma palestra, a Strassbourg, uma cidade como Paris, Amsterdã e Veneza, cortada com canais navegáveis, onde se podem ver construções em estilo gótico dos séculos XIII e XIV ao lado de construções modernas e arrojadas, como o Prédio do Parlamento Europeu e outras mais.

Estas duas fotos acima, foram tiradas antes de chegarmos ao nosso destino, que era Strassbourg, em uma cidade na Alemanha chamada Karlsruhe.
STRASSBOURG - FRANÇA
Em uma das pontes dos muitos canais de Strassbourg, França


Strassbourg - Fotos via flickr

No dia 17 de agosto, data de nosso aniversário de casamento, fomos jantar em um restaurante da moda onde nos foi oferecida uma deliciosa comida, um bom vinho da região e champanhe francês com direito a som de violino.

Dois dias depois, retornamos à Finlândia para prepararmo-nos para mais uma viagem de negócios de Jouko. Dessa vez, o projeto seria na parte central da Suécia. Como sempre fizemos nessas viagens à Suécia, colocamos o carro dentro do navio e fomos para Husum, cidade situada no norte desse país. Dessa vez, fomos morar em um apartamento mobiliado da empresa, com uma cozinha bem equipada, o que me deixou contente porque poderia fazer nossa própria comida.

Husum - Suécia (fotos via flickr)

A vinte e sete quilômetros de Husum, havia uma cidade maior, chamada Örnsköldsvik, com muitas opções de compras. Eu passava meu tempo fazendo comida gostosa para nós dois, dirigindo para a cidade vizinha a fim de fazer compras e caminhando uma hora e meia por dia para perder peso, pois havia parado de fumar fazia quase dois meses, e essa decisão havia sido uma das melhores de minha vida.

Centro de Örnsköldsvik - Suécia (Foto by Mrs Gemstone via flickr) 

Estávamos na última semana de agosto, e ainda estava quente, em torno dos 20ºC. Essa é a temperatura média do verão escandinavo. Adriana e Joe foram nos visitar, e passamos quatro dias maravilhosos juntos.

Na última semana de setembro, Jouko já havia terminado seu projeto e retornamos para a Finlândia.

Uma semana depois, estava tentando me acostumar com a volta para casa quando Jouko foi chamado para mais um projeto, dessa vez no sul da Suécia, em uma cidade chamada Sala, que fica a mais ou menos uma hora de carro da cidade de Uppsala, onde a irmã de Jouko, Anniki, tinha se formado. Desembarcamos do navio em Estocolmo e seguimos viagem. Meu marido havia conseguido o número do telefone dos donos da casa em que iríamos morar através de sua secretária, a qual já havia acertado o preço do aluguel, e nós só precisaríamos ver o local e dar a resposta final.

Depois de duas horas de viagem, ainda dentro do carro, telefonamos para os proprietários da casa e combinamos de conhecê-la. Gostei imediatamente do casal, muito simpático e sorridente. Essa casa havia sido construída em 1846 e estava muito bem conservada, com móveis muito bonitos também do século XIX. Eu estava olhando a casa quando, em dado momento, senti uma emoção muito forte. Sentei-me e comecei a chorar, pois a impressão que tinha era de que já havia estado naquele lugar antes; tudo era muito familiar para mim. O casal e meu marido ficaram apreensivos. Não tive nenhuma explicação para isso. Quem sabe o espiritismo tenha a resposta?

Essa casa estava localizada fora do centro da cidade, em um local que antes havia sido uma fazenda. Tinha muito conforto, cozinha muito bem equipada, o quarto era muito bonito, aconchegante, e o colchão, muito confortável, o que era bom para minha coluna. Os colchões suecos são os melhores do mundo.

Seguimos para o hotel onde iríamos morar por uma semana, prazo pedido pelo casal para consertar o aquecimento da casa. Fiquei muito amiga da dona da casa, um amor de pessoa, muito prestativa, simpática e parecia gostar muito de mim. Estava sempre me perguntando se eu precisava de alguma coisa.

Sala, uma pequena cidade ao sul da Suécia
Sala de visitas da casa onde moramos na cidade de Sala, Suécia. Esta casa foi construída no ano de 1846!

Ante-sala do  nosso quarto...

Nessa época, eu andava dez quilômetros por dia, continuava a brigar com a balança e tentava não comer alimentos que engordavam, mas continuava acima de meu peso.

No final de outubro, começamos a prepararmo-nos para nossa ida à Finlândia para trocar os pneus de inverno de nosso carro. Também, na Suécia, o último dia para realizar essa troca era dois de novembro. Dirigimos por duas horas para Estocolmo a fim de tomar o navio para a Finlândia. Embarcamos em um dos mais bonitos navios da linha Silja Line com destino a Turku, cidade no sul da Finlândia. Às 10 horas, depois de nosso desembarque, seguimos viagem a Espoo com o objetivo de buscar Adriana e Joe para irem conosco passar os quatro dias em que ficaríamos em casa. Adriana informou-nos que a previsão do tempo era de muito frio e muita neve com tempestade no local em que morávamos, melhor dizendo, no caminho pelo qual iríamos passar, estando ainda com pneus de verão. Depois de três horas de viagem, percebi que Jouko fazia o possível para manter o carro na pista, pois nevava muito, quase não tínhamos visibilidade, a pista estava escorregadia e já estava escurecendo. Tínhamos ainda duas horas para chegar a nossa casa. Começamos a sentir muito medo quando o carro derrapou em uma lombada, e, para nossa sorte, não vinha nenhum outro automóvel em nossa direção. Nessa hora, faltando ainda quarenta kilometros para chegarmos ao nosso lar, falei a Jouko para parar o carro e pedir ajuda. Ligamos para Matti, o primo de Jouko. Tentamos descer do carro, porém o vento frio e a neve estavam insuportáveis. Em menos de meia hora, Matti chegou e deu-me seu carro para eu dirigir. Junto com Adriana e Joe, segui viagem. Jouko e Matti foram em nosso carro. Fizeram em uma hora um trecho que normalmente é feito em vinte minutos. Jouko estava muito estressado porque, no dia seguinte, teria que dar treinamento a nove engenheiros vindos da Indonésia. Tinha ainda que preparar as aulas.

No dia seguinte, aconteceu uma coisa até então inédita para mim na Finlândia. Acordamos sem eletricidade, consequência da tempestade de neve do dia anterior. Algumas horas depois, a esposa de Matti veio nos buscar para ficarmos em sua casa até a volta da eletricidade. Seria impossível continuar em casa sem aquecimento.

Depois de dois dias, já com tudo normalizado, fomos ao cemitério depositar flores e acender velas nos túmulos da família de meu marido, pois era três de novembro, Dia de Finados na Finlândia.

No dia seguinte, depois de deixar Adriana e Joe em casa, seguimos viagem de volta para a Suécia. Tomamos outro navio da linha Silja Line, chamado Silja Simphony. Fomos jantar no restaurante que tinha um bufê com uma grande variedade de pratos, inclusive três tipos de caviar. Depois fomos assistir a um show de mágica. Uma beleza!

O projeto de Jouko terminaria no final de dezembro, e ele tinha planos de tirar umas duas semanas de férias e ir comigo ao Brasil. A saudade de minha família já estava tomando conta de mim, principalmente a saudade de meus dois filhos que lá estavam morando e de Joselita, minha irmã gêmea.

No dia 27 de novembro, depois de uma reunião, Jouko chegou dizendo que, no dia seguinte, à noite, retornaríamos para a Finlândia, pois ele deveria estar na África do Sul no dia primeiro de dezembro. Outra pessoa o substituiria na Suécia já que o projeto da África do Sul era mais importante.

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